O governo ilegítimo de Bolsonaro, eleito em uma grande farsa que começou com a retirada do ex presidente Lula das eleições, apresenta sinais de crise por todos os lados. Como destacado sistematicamente por este Diário e por toda a imprensa do Partido da Causa Operária, embora Bolsonaro seja o único representante da direita que possui alguma base social, esta base é pequena e tem diminuído dramaticamente com o desenvolvimento da crise.
Diante das dificuldades que o governo golpista enfrenta para conseguir alguma estabilidade, Bolsonaro atua pragmaticamente. O objetivo é agrupar a sua base, que estava se desmanchando devido à grande pressão política. Primeiramente, Bolsonaro lançou os seus famosos tweets escatológicos, tais como o divulgado durante os ataques sofridos no carnaval e agora, em uma reunião, feita em um almoço que reuniu amplos setores da extrema-direita.
O almoço foi acompanhado pela Folha de S. Paulo, famoso jornal golpista que produziu duas longas matérias a este respeito. Em uma delas, o destaque maior foi dado para a base evangélica do governo. Além de uma centena de lideranças da extrema-direita evangélica nacional, também estiveram presentes o governador fascista do Rio de Janeiro, Wilson Witzel e os presidentes do STF, Dias Toffoli e do Senado, Davi Alcolumbre, apelidado de o “judeu cristão”.
Neste encontro chama muita atenção a presença de uma liderança evangélica norte-americana. Falamos de John Hagee, fundador da Cornerstone, uma megaigreja texana e da Christians United for Israel (em português Cristãos Unidos por Israel). Fica muito claro que existe um amplo setor das igrejas evangélicas neopentecostais que servem como fachada para a intervenção imperialista norte-americana no Brasil. Ao que parece, Hagee é um dos principais líderes desta penetração imperialista no país. Um dos pontos de acordo de toda essa direita é a defesa do Estado terrorista de Israel, o que causa uma certa confusão na esquerda que segue receitas de bolo. Se Bolsonaro tem o apoio de Israel, seria ele de fato um fascista? Afinal, o fascismo não é um fenômeno estritamente antisemita e racista? Já que não é o tema desta matéria, para quem se interessar recomendamos o curso apresentado pelo companheiro Rui Costa Pimenta na 43 Universidade de Férias do PCO, com o tema “Fascismo, o que é e como combate-lo”.
Hagee declarou-se amigo pessoal de Binyamin Netanyahu, com quem tem tanta intimidade que o chama pela carinhosa alcunha de “Bibi”. Além da extensa lista de evangélicos, que inclui também o folclórico Malafaia, também estiveram presentes elementos da extrema direita que estavam sendo marginalizados, como é o caso de Magno Malta. No início de sua campanha, Bolsonaro chegou a afirmar que Malta seria o “vice dos sonhos”, ao que posteriormente, o vice Mourão respondeu chamando-o de “elefante branco”, sem nenhum cargo parlamentar e nenhuma presença no governo.
Em outra matéria, a mesma Folha mostra como a reunião procurou reagrupar a base bolsonarista. A própria Folha usou a expressão “afago” para descrever a maneira com que Bolsonaro lidou com seus filhos, Magno Malta e Israel, temas que tem lhe rendido muitas crises e dores de cabeça.
Pelo pouco que pudemos ver nestas matérias da Folha, esse almoço foi uma reunião verdadeiramente macabra, embora também fique evidente o caráter intrinsecamente humorístico, de tipo involuntário. No entanto, mesmo que se trate de uma reunião de alguma forma engraçada, afinal a extrema-direita é composta essencialmente por palhaços, temos que ter em mente que são palhaços de filme de terror. Podem ser engraçados, mas são extremamente perigosos.