A safra de cana-de-açúcar 2020/21 terminou em março com uma grande produção gerando 20,3 bilhões de litros de etanol hidratado. A grande produção e a queda no consumo fizeram com que os preços médios caíssem 16% com comparação com a semana anterior, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Cepea. Em Paulínea, base de armazenamento e distribuição da região centro-sul, o litro foi comercializado a R$ 2,517.
O preço do etanol não depende somente dos custos de produção da cana-de-açúcar, na verdade o etanol tem uma ligação forte com a gasolina, não só porque a gasolina comum oferecida nas bombas recebe 27% de álcool anidro, mas também por conta da política de preços adotada a partir de 2016 no Brasil. No caso brasileiro, é o mercado internacional que acaba determinando o preço dos combustíveis que saem das refinarias e distribuidoras, ao qual é adicionada a carga tributária, que varia de acordo com o estado.
A partir do golpe de 2016, com o fatiamento da Petrobras e a venda das distribuidoras e refinarias, o Brasil passou a refinar menos e a comprar mais produto final do exterior, principalmente dos EUA. Com a perda constante de autonomia e de capacidade de refinamento, a política de preços atrelada às bolsas de mercadorias internacionais determinada pelos governos golpistas Temer e Bolsonaro ficou mais marcante.
O consumidor brasileiro, com isso, financia o lucro das grandes empresas internacionais e das empresas financeiras que fazem parte da especulação internacional. Com uma diferença, quando os preços internacionais caem, os internos não acompanham. Sempre há o fator taxa de câmbio a atrapalhar, já que a política econômica brasileira tem levado à desvalorização do Real em relação ao Dólar, encarecendo as importações em favor das exportações de matérias-primas.
Dados da ANP/DIEESE informam que a produção de petróleo cresceu 18% nos últimos cinco anos chegando a produção de 3,7 milhões de barris/dia, e os custos de produção diminuído na Petrobras.
Além de prejudicar os brasileiros que precisam comprar gasolina para se locomover e para trabalhar, essa política de preços e a política de redução do refino no país fazem parte de uma estratégia golpista para quebrar a Petrobras e forçar a sua privatização. Sem a Petrobras o país perde sua principal empresa e o elemento central de uma política de desenvolvimento.
As partes até agora que foram vendidas da Petrobras para o imperialismo o foram a preço bem inferior ao que realmente valem. Sem a capacidade de intervir nos preços dos combustíveis, a perspectiva é de preços crescentes de todos os produtos que dependem principalmente de transporte rodoviário, especialmente os alimentos. Isso impacta diretamente na vida dos trabalhadores e tem implicações sérias sobre o futuro do Brasil, tornando-o cada vez mais dependente das nações imperialistas e dos grandes grupos capitalistas internacionais.