No ano de 2020, o Brasil registrou aproximadamente 195 mil mortes por COVID-19. O estado que mais contribuiu para essa matança foi São Paulo, responsável por quase 47 mil óbitos. Não por coincidência, São Paulo também é o estado com maior desigualdade racial, a qual se revela como consequência no número de mortos na pandemia. Enquanto o incremento devido ao coronavírus no número total de mortes esperado no Brasil para os brancos foi de 17,6% e para os negros 27,8%; em São Paulo é essa diferença entre percentuais foi mais que o dobro.
Para entender essa realidade é preciso um breve esclarecimento sobre a situação da população negra na sociedade atual. Apesar do fim da escravidão, os negros não deixaram de ser cidadãos de segunda classe. Todas contradições nas condições materiais de vida na sociedade atual tem impacto principalmente e mais fortemente sobre o povo negro. Assim, os negros são os mais atingidos pela fome, miséria, desemprego, falta de serviços de saúde, baixa expectativa de vida, mortalidade precoce, baixa escolaridade, déficit habitacional, entre outros aspectos sociais.
Neste sentido, o golpe de estado de 2016 contra presidenta Dilma Rousseff intensificou ainda mais essas contradições com a destruição dos direitos e da economia do País. A chegada da pandemia da Covid-19 no Brasil, acelerou o processo de deterioração das condições de vida da população, acentuando ainda mais a desigualdade racial. O incremento de mais de uma vez e meio, em percentagem, das mortes esperadas para os negros em relação às mortes esperadas para população branca no país demonstra, de forma cristalina, o resultado do aprofundamento da crise capitalista pela pandemia na questão racial.
As contradições do capitalismo são ainda maiores, nas regiões onde se produz maior riqueza como é o caso do estado de São Paulo, que apresentou o maior número de mortos pelo coronavírus, quase um quarto de todas mortes do País sendo que sua população corresponde a um quinto da população brasileira. A desigualdade racial, que também é maior, fica ainda mais exposta e se intensifica como demonstra os dados, o incremento de mortes em relação às esperadas para os negros no estado foi de 25,1% enquanto para os brancos foi de 11,5%.
É importante ressaltar que o estado de São Paulo é governado há quase trinta anos pelo PSDB, que tem aplicado uma política de natureza nazista contra a população negra. As desigualdades raciais se acentuaram cada vez mais com o passar dos anos. A matança dos negros promovida pelo PSDB através da destruição dos serviços públicos e pela Polícia Militar, foi acentuada com a pandemia. A população negra de São Paulo, que corresponde à 40% da composição total, tende a diminuir ainda mais, uma vez que, as mortes por coronavírus de jovens de 0 a 29 anos é cinco vezes maior para os negros.
Diante do genocídio contra a população do país e, principalmente, da negra é preciso que as suas organizações de luta devem se levantar. Os movimentos dos negros devem sair as ruas, convocar as organizações de esquerda para mobilizar as massas populares para lutar contra todos os governos genocidas como Doria e Bolsonaro. É preciso derrotar o golpe de estado para salvar as vidas da população. Neste sentido, a candidatura ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que assim como centenas de milhões de jovens negros foi preso sem provas e sem direito a ampla defesa, é uma arma para alavancar a urgente luta contra os golpistas.