O presidente ilegítimo e impopular Jair Bolsonaro autorizou que os militares organizem nos quartéis comemorações aos 55 anos do golpe militar de 1964. É mais uma das abominações que saem deste presidente e da corja fascista que tomou conta do país com a ajuda do judiciário, imprensa golpista e do imperialismo. Os que tomaram o Brasil com outro golpe querem disfarçar ou dissimular que o golpe não foi golpe, foi movimento, foi uma revolução democrática.
Para aqueles que se esqueceram, aqueles que não conheceram, para aqueles que conhecem e querem lembrar e para aqueles que sofreram diretamente com os 21 anos da ditadura brasileira recomendo aqui alguns filmes para refrescar a memória e reforçar a luta contra o golpe militar e a volta da ditadura brasileira que só vai trazer mais censura, perseguição, tortura, assassinatos e um ataque sem precedentes às condições de vida da classe operária brasileira.
1. O dia que durou 21 anos
Este é um documentário recente, foi lançado em 2013 pelo cineasta nascido no México, mas filho de brasileiros, Camilo Tavares. O documentário apresenta de maneira minuciosa um aspecto muito importante do golpe de 1964, a participação direta dos Estados Unidos na preparação, na execução e na manutenção do golpe no Brasil.
Diante da nova ameaça de intervenção militar no Brasil este documentário é de extrema importância para compreender como se fabricam as condições para um golpe de estado.
Em “O dia que durou 21 anos” o diretor mostra a participação direta do embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon que veio ao país em 1961 com o objetivo de promover uma campanha para evitar um governo de esquerda no Brasil. Como Jango já estava no poder o objetivo era bloquear as ações do governo. Paralisar o governo brasileiro para desestabilizá-lo.
O apoio dos EUA era evidente. A Câmara do Comércio norte-americano que reúne a nata do empresariado norte-americano declarou que apoiava incondicionalmente o AI-5. Ou seja, a repressão e tortura contra o povo brasileiro.
2. Cidadão Boilesen
“Cidadão Boilesen” é um documentário brasileiro, de 2009, dirigido por Chaim Litewisk. Conta a história do assassinato do empresário, dono da Ultragaz, Henning Boilesen.
Boilesen é um dinamarquês e se mudou para o Brasil, onde teve carreira bem-sucedida como industrial. Foi presidente do grupo Ultra, dos botijões Ultragaz.
O interessante do filme é que percorre a trajetória do empresário, desde a Dinamarca até sua vida empresarial no Brasil. Ele era presidente da Ultragaz e um dos donos do grupo Ultra que controlava cerca de 20 empresas variadas.
Foi diretor da FIESP (Federação das Indústria do Estado de São Paulo) e diretor da Associação Comercial de SP.
O empresário teve participação direta na OBAN, Operação Bandeirantes. Organização clandestina e repressiva criada em São Paulo para combater o movimento armado. Foi o embrião do que viria a ser o DOI-CODI, criado em 1971.
A OBAN era financiada por vários empresários que faziam pagamentos regulares para financiar as operações de caça aos chamados terroristas.
Além do grupo Ultra outros que financiavam a tortura era a Ford, General Motors. Um dos entrevistados fala de Amador Aguiar, dono do Banco Bradesco que assim como Boilensen também assistia as sessões de tortura.
Outra denúncia apresentada é a de a Folha de S. Paulo disponibilizava os carros de distribuição de jornais para o transporte de presos para as sessões de tortura.
3. “Barra 68 – Sem perder a Ternura”
O documentário é de 2001, dirigido por Vladimir Carvalho. Conta a história da invasão da Universidade de Brasília pelos militares em agosto de 1968.
A Universidade de Brasília, Unb, assim como a USP, foi uma das instituições públicas de ensino superior mais perseguidas pelo regime militar.
Ela foi idealizada pelo antropólogo Darcy Ribeiro, pelo educador Anísio Teixeira e pelo arquiteto Oscar Niemeyer e fundada apenas dois anos antes do golpe militar, em 21 de abril de 1962.
A história que precede a invasão da Unb é bem interessante. Logo após o golpe, em 9 de abril de 1964, nove professores, o reitor Anísio Teixeira e o vice-reitor, Almir de Castro foram demitidos com o uso do Ato Institucional no. 1 que dizia que era necessário a “investigação primária” , com demissão e dispensa de funcionários públicos contra qualquer um que tivesse tentado contra a segurança do País, contra o regime democrático e a probidade da administração pública.
Em setembro de 1965, nada menos que 223 professores da Unb pediram demissão devido às constantes intervenções do regime militar na Universidade.
A invasão contada no filme se deu em 29 de agosto de 1968, o exército invadiu os alojamentos de estudantes e professores, 500 pessoas foram detidas na quadra de basquete da universidade, 60 pessoas foram presas e um estudante foi baleado.
A invasão estava baseada num decreto que pedia a prisão de 7 estudantes, lideranças do movimento estudantil da Unb que tinha organizado um protesto contra a morte do estudante secundarista Edson Luís no Rio de Janeiro, assassinado pelos militares.
Um dos personagens marcantes desta história é o estudante Honestino Guimarães, que era líder estudantil, presidente da Federação dos Estudantes da Unb e que foi preso pouco antes da invasão e solto apenas em novembro de 68. Honestino foi expulso da Unb quando ainda estava preso. Em 1973, já durante os anos de chumbo, Honestino foi preso e considerado desaparecido da Ditadura.
Ditadura nunca mais!
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