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Frente com golpistas não. Unidade para lutar e sair às ruas contra Bolsonaro e pela liberdade de Lula

Por Antônio Carlos Silva

Passadas as eleições mais fraudulentas das últimas décadas, cuja fraude fica ainda mais evidente diante da nomeação do juiz fascista Sérgio Moro, responsável pela condenação sem provas e prisão ilegal do ex-presidente Lula, para o “super-ministério” da Justiça, a maioria da esquerda adota uma posição de verdadeiro conformismo e aponta para o mesmo caminho que levou às derrotas do último período.

A maioria dos balanços da esquerda burguesa e pequeno burguesa aponta para a mesma direção que a imprensa golpista: a direita teria conquistado ao paio da maioria do eleitorado e o PT teria sido derrotado pelos seus erros, por um suposto “antipetismo” que teria tomado conta da população. Nada poderia ser mais falso.

Os grandes derrotados das eleições foram os partidos da direita burguesa, os partidos tradicionais da burguesia, diretamente identificados com o golpe de estado como o PSDB, o MDB, DEM etc. que, pela primeira vez em mais de duas décadas não conseguiram sequer classificar um candidato de um dos seus partidos para o segundo turno das eleições e tiveram que apoiar um candidato representante dos setores mais débeis da burguesia que – em alguma medida – fosse ele mesmo uma falsa expressão da rejeição dos partidos e candidatos do regime golpista, aos quais ele sempre esteve aliado. Isso, para evitarem a vitória da esquerda.

Mas este apoio, nem de longe seria suficiente, se as eleições não fossem realizadas sobre a base da gigantesca fraude que foi condenar, sem provas, prender de forma arbitrária e cassar a candidatura, sem qualquer fundamento legal, da maior liderança popular do País e único candidato com chances reais de derrotar a frente golpista, e que liderava com larga margem de intenção de votos todas as pesquisas eleitorais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mesmo nessas condições excepcionais, a direita não conseguiu – ao contrario do que se diz – o apoio da maioria. Mais de 60% dos eleitores de todo o País, não apoiaram a eleição da chapa golpista, de Bolsonaro-Mourão, e votaram no candidato substituto do PT, se abstiveram de votar ou votaram nulo ou em branco. Isso tomando-se como base os dados manipulados e controlados pela arbitrária justiça eleitoral, em cujas urnas eletrônicas se produziram “milagres” imagináveis (como os milhões de votos dados a candidatos direitistas semi-desconhecidos e a derrota surpresa de candidatos de esquerda, verdadeiramente populares, que lideravam todas as pesquisas até poucas horas antes das eleições).

Não faz, portanto, o menor sentido as alegações de que o povo evoluiu à direita. Pior ainda, considerar o governo eleito como legítimo e que, para se opor à ele seria necessário esperar por sua posse e primeiras medidas contra a população; quando ele foi parido pelo golpe de estado, em eleições fraudulentas e já é amplamente repudiado pela maioria da população e tende a se tornar ainda mais rejeitado diante das suas iniciativas, como já acontece com a nomeação do ministério e debates sobre suas primeiras medidas, que em nada correspondem aos interesses populares diante do agravamento da crise.

Com um diagnóstico que não tem correspondência com a realidade, a “receita” da esquerda não poderia ser mais inadequada. Na quase totalidade, não há qualquer revisão em relação ao caminho de capitulação derrotas e desmoralização adotado no último período em que, mesmo diante do golpe de estado e enorme ofensiva da direita contra os explorados, a esquerda foi dominada pela política de buscar uma saída por dentro das instituições do regime golpista; encontrar uma possível e imaginária aliança com setores que participaram do golpe para superá-lo.

Tal política não produziu qualquer resultado positivo do ponto de vista dos explorados e da sua luta contra o golpe. Pelo contrário, deu lugar a uma sequência de derrotas e retrocessos e permitiu o avanço do golpe apesar de toda a tendência de luta e rejeição ao regime golpista expressa pelos trabalhadores e pela juventude e suas organizações de luta. Se deu, dessa foram, por exemplo, quando se buscou difundir a idéia de que se poderia impedir o impeachment da presidenta Dilma, através de de acordos com o PMDB (ao ponto de nomearem Michel Temer como articulador político do governo); ou quando se procurou fazer crer que era possível barrar a ofensiva para condenar Lula, por meio da ação especializada de advogados nas diversas instâncias do judiciário golpista. Da mesma forma, fracassaram os lobbies junto aos parlamentares para que não aprovassem as “reformas” contra o povo, como o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, destruição dos direitos trabalhistas e na fracassada campanha a favor da antecipação das eleições (“diretas já”) que teria que ser aprovada pelo congresso golpista.

Para os defensores dessa política, a mobilização  popular tinha (e tem) apenas caráter acessório, servindo como um “apoio” à ação principal que se daria por dentro das instituições do regime cada vez mais antidemocrático e tutelado pelos militares.

No caso das eleições deste ano, a política de abandonar a candidatura Lula, vinha sendo preconizada há muito tempo por sua ala mais direitista e por seus aliados tradicionais (como o PCdoB) que defendiam o chamado “plano b”, ou seja, a substituição de Lula por outra candidatura da esquerda que fosse aceitável pelo regime político. Para esses setores tratava-se de aproveitar a rejeição do regime golpista à candidatura de Lula, que ameaçava colocar seus planos a perder, para “virar a página do golpe”, o que significava reestabelecer as relações  com amplos setores capitalistas, estremecidas desde o golpe de estado, e lançar outro candidato que se submetesse ao esquema fraudulento estabelecido pelo regime.

Com  esta perspectiva conciliadora, o PT embarcou na frente burguesa do “#elenão” que visava simplesmente evitar a polarização política que se mantinha e tirar das eleições, qualquer perspectiva de luta contra o golpe, transformando-a numa disputa contra o suposto “mal maior”, Bolsonaro e ainda conquistar o apoio popular para um candidato “puro-sangue” da burguesia capaz de enfrentar e derrotar Bolsonaro e o PT (já combalido pela retirada da candidatura de Lula). Tudo isso com apoio da imprensa golpista (Rede Globo, Folha, Estadão etc.) e dos partidos e candidatos do grande capital.

Mas ao contrário do que advogam os “esquerdistas” defensores da conciliação, os golpistas queriam apenas o apoio do PT e de seus aliados à sua política reacionária e, diante do fracasso dessa operação, todos os partidos da burguesia se unificaram – de fato – em torno do candidato dos setores mais débeis e direitistas da burguesia, Jair Bolsonaro, já na reta final do primeiro turno, garantindo a consumação da fraude eleitoral da vitória da direita contra a vontade da maioria da população. De nada valeu a tentativa da campanha do PT de aproximação com elementos da direita golpista como FHC, Alckmin, Joaquim Barbosa e dos candidatos-abutres, como Ciro Gomes, que buscaram apenas tirar proveito do debilitamento do PT diante da prisão e cassação de Lula. A campanha do PT evoluiu à direita, mas a direita não evoluiu em direção ao PT.

A votação do PT, se limitou ao voto dos setores que apoiam o partido; preferido por 29% do eleitorado, segundo as pesquisas divulgadas pela própria imprensa capitalista, ou seja, por cerca de 45 milhões de eleitores. As falsas alianças, com elementos secundários desses partidos (já que seus chefes, se mantinham na posição de apoio ao golpe e a Bolsonoro, onde estavam desde o final da campanha no primeiro turno) não produziu nenhum resultado eleitoral, apenas serviu de pretexto à capitulação ainda mais profunda, com a campanha apresentar o candidato petista como um autêntico político burguês que pede votos por suas supostas capacidades individuais, que elogiava golpistas como Moro e no dia seguinte ao segundo turno desejou sucesso ao candidato “fascista” no seu governo.

Mesmo tendo ficado evidente, o fracasso total e absoluto, do ponto de vista dos interesses dos explorados, da política de “frente ampla”, da “frente democrática” que busca reunir as organizações de luta dos trabalhadores e da juventude, da esquerda, com seus algozes, os golpistas, defensores dos da ofensiva do grande capital contra o povo brasileiro e a economia nacional, e da violação dos direitos democráticos de todo o povo, um amplo setores da esquerda quer seguir nesta rota de fracasso.

É preciso se opor à essa perspectiva. A tarefa dos setores classistas e revolucionários, dos que lutaram e querem seguir na luta contra o golpe, é impulsionar uma verdadeira frente de luta  dos explorados e de suas organizações contra todas as alas da burguesia golpista, tendo como centro a luta pela derrota do governo ilegítimo, resultado do golpe e da fraude: fora Bolsonaro e todos os golpistas!

Essa frente deve ter um programa que se oponha, pelo vértice, à política de conciliação e entendimento com os golpistas; começando pela defesa da liberdade imediata de Lula e de todos os presos políticos, para reforçar a mobilização e a unidade da esquerda na luta contra os golpistas e seus regime político.

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