Nas semana que passou duas notícias chamaram muito a atenção especialmente para os setores da esquerda e deveriam servir de máximo alerta.
O primeiro foi a prisão totalmente arbitrária dos militantes do MSTC (Movimento Sem Teto do Centro) em São Paulo na segunda-feira, dia 24. A partir de uma acusação do Ministério Público, foi expedida a ordem de prisão de nove companheiros da luta por moradia, alguns deles se encontram presos até hoje. Tudo aconteceu como tem funcionado os processos de perseguição política no Brasil do golpe de Estado. Uma denúncia do MPF, reportagem na rede Globo para fazer a campanha de calúnias, um juiz disposto a condenar e um delegado disposto a prender, cerceamento do direito de defesa etc.
As acusações absurdas contra o movimento foram baseadas no incêndio que derrubou um prédio ocupado no Largo do Paysandu em maio do ano passado e que era organizado por um movimento que não tem relação nenhuma com o MSTC. A acusação contra os organizadores da ocupação do Lardo do Paysandu era a de que cobravam mensalidade dos ocupantes.
Essa é fundamentalmente a mesma acusação contra os militantes do MSTC. Uma acusação absurda que na realidade passa por cima do direito de organização e autonomia dos movimentos. Todo movimento organizado tem o direito – e do ponto de vista político é a única maneira de fazer – de se autofinanciar e decidir o destino de seu financiamento. Na realidade, a acusação é apenas um pretexto para perseguir os militantes do movimento de luta por moradia.
O segundo caso importante e gravíssimo foi a notícia da demissão de 58 trabalhadores do Metrô que participaram da greve geral do dia 14. A desculpa para a perseguição foi a determinação do tribunal de que a greve seria “ilegal pois seria uma greve política” e que portanto, a decisão correta do sindicato de manter a greve, deveria ser punida com demissões.
Além de ser um abuso, as demissões passam por cima do direito de greve dos trabalhadores. A ideia de que não se poderia fazer greve política é absurda. Não existe tal restrição na Constituição federal e se houvesse seria uma restrição ilegítima. O direito de greve só existe se for irrestrito, caso contrário estará nas mãos dos patrões e dos tribunais que são serviçais deles.
A decisão do Metrô, gerido pelo tucano João Doria, de demitir é um greve atentado aos direitos dos trabalhadores.
Tanto no caso da perseguição aos militantes do MSTC como no caso das demissões do Metrô está a mão do PSDB de João Doria. É uma ofensiva do governo de extrema-direita tucana contra as organizações dos trabalhadores. É bom lembrar que Alckmin já havia demitido no Metrô na greve da categoria.
Esse é o PSDB que parte da esquerda pequeno-burguesa quer apresentar como sendo democrático e como sendo capaz de se opor a Bolsonaro. Se esqueceram que foram os tucanos que pariram os bolsonaristas.