Quem disse que o governo do PSDB em São Paulo não defende as minorias? O Palácio dos Bandeirantes foi iluminado com as cores do arco-íris na semana passada para provar que essa parcela minoritária da população (os LGBTQIA+) não estará desamparada pelos tucanos. Era a comemoração dos 10 anos da instituição do dia estadual da luta contra a homofobia.
Essa maneira simples e barata de resolver os problemas é importada. Vem dos EUA. Na terra natal da ideologia identitária, esse “reformismo” reacionário, o “democrático” Joe Biden resolveu mais um problema recentemente, o dos imigrantes ilegais. Os “latinos”, como são chamados todos os demais habitantes do continente ao Sul dos EUA, inclusive os brasileiros, que entrarem ilegalmente no país, obtiveram uma enorme conquista: continuarão a ser deportados, mas agora sem algemas! Foi além: agora, os imigrantes que tentarem entrar nos EUA sem documentos, de maneira irregular, serão deportados primeiro para o México, essa grande colônia, para esperar pela análise de seus processos e pedidos de asilo entre os “seus”. Viva! Uma grande vitória para os latinos e para a burguesia racista dos EUA, que, dessa forma, não precisa se misturar com essa gentalha que insiste em invadir seu país.
Antes mesmo de completar 100 dias no governo, Biden já tinha dado aos norte-americanos de todas as cores uma outra vitória: sua vice-presidente negra, mulher e empoderada, Kamala Harris, deu continuidade à guerra na Síria autorizando mais um bombardeio. Desta vez as bombas que caíram sobre o território oprimido pelo imperialismo foram enviadas com amor, respeito e em nome da igualdade.
É assim que os governos burgueses tradicionais resolvem os problemas, e é por isso que a burguesia os quer de volta, embora não tenha conseguido muita coisa nessa empreitada. Não é por falta de conservadores e reacionários dispostos a vestir as cores do arco-íris para não perder (e quem sabe conquistar) uma parcela do seu eleitorado. Está aí João Doria para provar a capacidade dos políticos burgueses tradicionais de fazer demagogia.
Ocorre que é preciso mais do que demagogia barata ou, pelo menos, ir muito além nessa demagogia para conseguir algum apoio em amplas camadas da população que hoje sofrem com a miséria, a fome, o desemprego e a doença. Para dar uma resposta mínima que seja aos problemas tão graves do País nesse momento, os governos deveriam conceder um auxílio emergencial de, no mínimo, um salário mínimo, para que o povo não morra de fome; reduzir a jornada de salários, sem reduzir salários, para dar emprego à população e, por fim, quebrar as patentes e produzir vacinas em massa para conter o genocídio da pandemia. E agora? Não será suficiente – e sequer estão dispostos – iluminar o Palácio dos Bandeirantes com tons de vermelho…