“Ces trois dernières semaines ont fait naître un monstre, qui a échappé à ses géniteurs“.
“Estas últimas três semanas deram origem a um monstro, que escapou aos seus pais”. Com estas palavras o ministro do Interior, Christophe Castaner, definiu as gigantescas e mobilizações que tomaram conta da França nas últimas semanas e levaram o governo Macron a recuar, ceder a uma das mais conhecidas reivindicações dos manifestantes (congelamento dos preços dos combustíveis, por uma ano!), sem conseguir, no entanto, desmontar a mobilização.
Escrevemos esta coluna, na véspera da realização da quarta jornada de manifestações francesas, realizadas – principalmente – nos fins de semana, mas que já tomaram conta de toda a vida do País, com jovens secundaristas ocupando escolas – enfrentando uma dura repressão policial – , operários aderindo aos protestos e realizando greves (como nas refinarias de petróleo) e importantes mobilizações, e chegaram até mesmo a serem “exportadas” para outros países da Europa, como se viu em Bruxelas.
A pauta de reivindicações dos manifestantes, que vai muito além do aumento dos combustíveis, passando por questões centrais para a classe operária, como o aumento do salário mínimo, tem cada vez mais um correto eixo político: o fim do governo neoliberal e direitista de Macron; que se constitui no último período em uma espécie de modelo para os grandes partidos capitalistas de todo o mundo, incluindo o Brasil – onde a direita (chamada pela imprensa golpista de “centro”) buscou – sem sucesso – impor por meio de eleições fraudulentas (sem Lula!) um candidato neoliberal de “centro” e evitar a vitória do candidato neoliberal da extrema direita, o qual acabou apoiando para derrotar a esquerda.
Nas ruas e contra o governo, a mobilização assume – cada dia mais – características de uma verdadeira rebelião popular que não cessa diante dos recuos e avança nas exigências criando uma situação de desestabilização do regime político, a ponto de setores da imprensa capitalista anunciarem a crise atual como a “maior crise desde a segunda guerra”
Como de costume, a burguesia e seus aliados na esquerda, colocaram em marcha uma fracassada tentativa de conter a mobilização. Por um lado, vários setores da direita e da esquerda, se juntaram ao governo para tentar conter a mobilização.
O presidente Emmanuel Macron recebe recebeu no Palácio de Matignon a líder do partido de extrema-direita Agrupamento Nacional, Marine Le Pen; o primeiro-secretário do Partido Socialista, Olivier Faure; o presidente do conservador Os Republicanos, Laurent Wauquiez, e Stanislas Guerini, o novo delegado-geral do República em Marcha, que se unificaram contra o movimento diante da crise provocada pela mobilização de características revolucionárias, que não partiu dessas e de nenhuma organização.