O filme brasileiro “Marighella” dirigido pelo também ator, Wagner Moura, é assunto no meio cinematrográfico há muito tempo. No começo do ano, mais precisamente no final de fevereiro o filme teve uma exibição especial no Festival de Cinema de Berlim. A repercussão foi imediata. O filme recebeu elogios e críticas do meio cinematográfico, mas foi o tema tratado no filme, o período guerrilheiro de Marighella, que instaurou a polêmica.
A cinebiografia é estrelada pelo ator Seu Jorge, na pele ex-guerrilheiro que abandonou a inércia do PCB para formar um dos principais grupos de luta armada no Brasil.
O coxinhas, eleitores de Bolsonaro, defensores da ditadura e da tortura, iniciaram uma campanha contrária ao filme, desde criticando a escolha do ator principal, por ser negro e Marighella, branco (!!!), usando como justificativa de acordo com laudo médico dos militares, que o líder guerrilheiro era branco.
A pressão surtiu efeito e fez com que os produtores, nacionais e internacionais do filme, adiassem ao máximo a estreia nas salas de cinema do País, pois não era o momento adequado. Esse momento ainda não chegou, pelo menos no primeiro semestre. Wagner Moura, em exibição do filme no Sidney Film Festival declarou que o filme irá estrear, finalmente, em 20 de novembro, dia de luta do povo negro. Data simbólica em se tratando de uma personalidade negra de grande importância. Mas o fato é que para um filme que tem um tema tão importante e latente uma estreia bem tardia. O próprio Wagner Moura chegou a lamentar em entrevistas a conduta das distribuidoras, “Eu estava preparado para ver o filme dividir o público e a crítica, mas não estava preparado para ver os nossos distribuidores sem coragem para lançar o filme”. É um filme que independente de ser bom ou não, tem um tema polêmico, ou seja, um tema que vai polarizar opiniões e diante do quadro político atual, um debate importante. Os coxinhas, os eleitores e seguidores de Bolsonaro, aquele que tem como ídolo o coronel torturador, Brilhante Ulstra, não querem que o filme estreie, as distribuidoras aceitaram a pressão e vão cozinhar o filme o máximo para evitar a polêmica. Mas não adianta evitar, mesmo tardiamente, a polêmica vai surgir assim que o filme surgir nas telas de cinema brasileiras.