Nessa semana a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou o seu relatório anual e trouxe dados sobre a violência no campo em 2019 no 34° Relatório de Conflitos no Campo Brasil. O relatório traz dados importantes de serem analisados e muitas informações que revelam a situação da população do campo.
Neste artigo vamos nos concentrar nos dados que estão sendo pouco divulgados, mas que são importantes para ter uma posição correta do que ocorreu. Em 2019, como já dissemos neste Diário, houve uma redução drástica nos números de ocupações de terra e novos acampamentos como uma política das direções dos movimentos sindicais e de luta pela terra em não se chocar com o governo Bolsonaro e os latifundiários. Os dados apontam que foram o menor número de ocupações de terra, retomadas e formação de novos acampamentos dos últimos cinco anos.
Essa política de recuo foi tomada com várias justificativas como por exemplo Bolsonaro tinha apoio de amplos setores da sociedade, perdemos a luta ideológica, e o principal deles é que não havia disposição dos trabalhadores em se mobilizar contra Bolsonaro.
Mas os dados divulgados pela CPT revelam que 2019 houve quase o triplo de manifestações a mais que em 2018 e representou o maior número de mobilizações dos últimos 10 anos. Foram 1.301 manifestações realizadas em todo território nacional, com 243.712 pessoas envolvidas. A CPT considerou manifestações como sendo as “ações coletivas dos trabalhadores e trabalhadoras da terra que protestam contra atos de violência sofrida ou de restrição de direitos, reivindicando diferentes políticas públicas e ou repudiam políticas governamentais ou exigem o cumprimento de acordos e promessas”.
Essas manifestações mostram que há uma enorme tendência de mobilização dos trabalhadores contra a extrema direita e o governo Bolsonaro. Essa tendência mostra o total repúdio ao governo Bolsonaro e a sua política de ataques a luta pela terra. Inclusive as manifestações de rua mostram que há a possibilidade real de derrubar Bolsonaro e os golpistas através da mobilização popular e não pelo parlamento se unificando com setores da direita golpista como o “centrão” que é totalmente contra a mobilização popular e contra a luta pela terra.