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Trabalhadores sem direção

CUT DF não mobiliza os explorados em nome da defesa do “isolamento”

A política de isolamento como está sendo tratada pela maioria dos governadores e que a esquerda e os sindicatos encamparam como suas é uma fantasia absoluta.

Na minha coluna da semana passada, tratei sobre uma resposta assinada por dois dirigentes da CUT/DF a um artigo publicado neste Diário criticando a posição da CUT/DF e também do sindicato dos professores em ceder para o governo direitista de Ibaneis as respectivas sedes, para que fossem utilizadas pelo governo em nome do combate à pandemia. 

Infelizmente sou obrigado a voltar ao assunto diante do resultado virtual de uma plenária da diretoria da Central no DF, ocorrida na última sexta-feira, porque não apenas não houve uma reconsideração sobres a decisão de entregar a sede da CUT para o GDF, como a plenária reafirmou, em nome da “defesa da vida”, uma política de absoluta paralisia diante da ofensiva da burguesia contra os trabalhadores.

Como diretor da CUT e um dos primeiros inscritos, fiz um breve balanço da política hipócrita e falsa do governo de Ibaneis de isolamento – falta de testes, reabertura dos bancos, setores do comércio, inclusive com a previsão de abertura total a partir do início de maio, nenhuma assistência à população das periferias, utilização da pandemia para implementar a liquidação do ensino público, com o ensino virtual e, ainda, os ataques da burguesia contra a classe operária e a situação dos trabalhadores da base CUT que estão trabalhando (correios, bancários, rodoviários, entre outras), a situação do funcionários da saúde, que estão recebendo máscaras de péssima qualidade e a situação da classe trabalhadora nas periferias do DF, absolutamente sem condições mínimas em todos os sentidos, o que exige uma ação decidida por parte das organizações dos trabalhadores. 

Para início de reação por parte da Central, apresentei um conjunto simples de propostas no sentido de reverter a paralisia da CUT e dos sindicatos: a) reabertura dos sindicatos, mesmo que em esquema de rodízios e plantões; b) construção da mobilização dos trabalhadores para exigir dos patrões, caso necessário com greve, suspensão do trabalho onde seja possível ou pelo menos condições de trabalho efetivas; c) Constituição de conselhos populares a partir dos locais de moradia de diretores da CUT (inicialmente nos locais mais desassistidos), constituindo esses conselhos com o apoio e a participação dos diretores da CUT e dos sindicatos, para organizar a luta dessa população para exigir do poder público as suas reivindicações diante do perigo iminente de se abater uma catástrofe sem precedentes junto a essas populações.

As diversas colocações dos demais diretores, quando muito, fizeram tímidas críticas à política do “aliado” Ibaneis, mas, no geral, sob a bandeira de “defesa da vida”, reafirmaram a defesa do isolamento e da manutenção dos sindicatos fechados. Como ação concreta, além do discurso que os sindicatos mesmos fechados e com seus diretores em isolamento, estão dando assistência a suas categorias, o que ecoou foi a defesa da solidariedade dos sindicatos com as populações pobres com a ajuda na inscrição de populares no programa do bolsa miséria do governo e a distribuição de cestas alimentação, entremeados, aqui e acolá, com a defesa do fora Bolsonaro, mas sem dizer como.

Em síntese, foi uma plenária para manter a CUT no ritmo que está, ou seja, paralisada, na espera que a burguesia e seu governo resolvam o problema do povo e da pandemia. Essa política sinaliza na prática para a burguesia, a começar pela entrega da sede da CUT e do Sinpro para o governo de direita, que não vai haver luta. A entrega dos sindicatos, o seu fechamento, significa  o desarmamento total dos trabalhadores e serve para ocultar a política genocida dos governos estaduais que é de abandonar a população à própria sorte.

A política de isolamento como está sendo tratada pela maioria dos governadores e que a esquerda encampou como sua é uma fantasia absoluta. Primeiro, como política isolada, é absolutamente ineficiente. Não existem testes e sem testes não é possível separar os doentes dos sãos, não há hospitais com infra-estrutura, não há ventiladores mecânicos, não há as mínimas condições de manter uma política de isolamento na esmagadora maioria das famílias brasileiras em suas casas insalubres e abarrotada de gente. 

Em segundo lugar, a burguesia e seus políticos, seja da ala bolsonarista ou do “bem”, já decidiram que vão reabrir tudo, inclusive vários estados, assim como o DF, já anunciaram até data. Ou seja, para a burguesia, é política de isolamento, testes à vontade, hospitais, condições perfeitas para o isolamento. Para a classe operária, para os explorados, não. Esses, os escravos, têm de trabalhar. Caso fiquem doentes não é um problema dos patrões.

Como que os sindicatos vão mobilizar os trabalhadores, inclusive para defender o isolamento, os testes, recursos para atender a população mais sem condição, com os sindicatos fechados, sem chamar assembleias, com uma política absolutamente à espera que a direita, o Centrão, Bolsonaro, os governadores e prefeitos, resolvam o problema da epidemia, se eles mesmos já decidiram que a política para o povo é a do salve-se quem puder?

Sobre a distribuição de alimento e a ajuda para que as pessoas se inscrevam no programa do governo, não dá para criticar o fato em si. O problema é que distribuir alimento não muda nada da situação da população. Nenhum esforço individual privado vai resolver o problema da fome que já é real. Esse é mais um motivo para que os sindicatos, a CUT organizem, a partir de conselhos populares, esses trabalhadores para exigir do poder público, esse sim, responsável, o atendimentos de suas necessidades. 

Finalmente, uma breve nota sobre o Fora Bolsonaro. Qual seria a mágica de uma campanha pelo Fora Bolsonaro sem mobilização popular?  Na verdade, da maneira como foi colocada é um encobrimento “esquerdista” diante da paralisia da CUT e dos sindicatos. Seria através das “redes sociais”, como mencionou um companheiro diretor da CUT, como a “nossa arena privilegiada no momento, de luta?” Seria com os panelaços das noites da semana? Talvez a crença maior seja a da esquerda se apoiar na direita, no Centrão, na esperança que os “amigos do povo” deponham o presidente que ela mesma elegeu. 

Em tempos de crise, quando mais a luta de classes se radicaliza, a CUT e os sindicatos se encolhem e se transformam em meros apêndices da burguesia. Já vimos esse filme e as consequências, principalmente para os trabalhadores, que os sindicatos dizem defender.

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