A escalada do número de casos suspeitos e confirmados do coronavírus no mundo soma 259,215 mil ca sos e 11,283 mortes. Esse número é principalmente composto de casos da Europa, dos quais o números italianos são, 47,021 casos e 4,032 mortes, além dos casos da China 81,250; somando 3.113 mortes. Por sua vez, países atrasados, como o Brasil, estão apenas no início da crise de saúde dessa pandemia. O primeiro caso confirmado do Brasil ocorreu no dia 26 de fevereiro, desde então, apenas na cidade de São Paulo, o número de casos suspeitos cresceu para quase 10 mil. Comparado aos números italianos, a taxa de crescimento do número de casos no Brasil é maior para o mesmo período de tempo. Nessa sexta-feira, 20, o Brasil apresentava a taxa de 0,13/100 mil habitantes, em comparação com os 0,005/100 mil da Itália no 21º dia da doença.
A crise de saúde e suas consequências econômicas – estagnação da produção, incerteza do mercado, intitulamento da situação como uma pandemia global pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – levaram a quedas sucessivas no mercado financeiro. A guerra de preços do petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia foi o último empurrão para colocar a crise econômica na ordem do dia. Após queda de 30% do valor do petróleo, na segunda-feira (9), havia quem falasse de crash. As bolsas caíram sucessivamente, chegando impor mais de uma parada ao pregão. A bolsa de Nova York (DJIA) tinha 7,5% de queda minutos depois de abrir. E a Ibovespa apresentou 12% de retração num único dia. A semana resultou na pior queda desde a crise de 2018, com retração de 18,4% da DJIA em comparação com os 18,3% da época.
A questão coloca para os estados capitalista uma situação complexa – dois grandes problemas que significam ou a morte de grande parcela da população, ou a sua própria morte como classe dominante. Investir as divisas em uma política de cuidados e prevenção em benefício do povo, ou torrar o dinheiro injetando-o na bolsa de valores. Os 1,5 trilhões de dólares investidos pelo governo norte-americano deixa clara a resposta. Numa situação de crise, o governo vai lançar um site para “cuidar” dos doentes enquanto zera a taxa de juros para salvar as grandes empresas da morte certa. Nesse jogo de vida ou morte, o Ministério da Saúde nega testes de coronavírus para a população, enquanto Guedes anuncia R$147 bilhões para conter a crise econômica.
Do outro lado da moeda, a classe trabalhadora italiana, inicia os movimentos grevistas reivindicando melhores condições de trabalho na situação do coronavírus. Obrigados a trabalhar mesmo com a epidemia, a os operários não têm condições de “manter-se em casa para evitar o contágio”. Como citado em um pronunciamento grevista, “não há lei dentro da fábrica”. Num país atrasado como o Brasil, em agravo, “não há lei” para toda a classe trabalhadora. Dessa maneira se explica a maior taxa de contaminação pelo coronavírus em solo brasileira: um reflexo da política neoliberal de rapinagem sobre a população de um país atrasado. Nesse sentido, a política de luta dos trabalhadores italianos dá o caminho para a luta dos trabalhadores brasileiros. Esses, no entanto, devem sofrer uma crise social muito mais acentuada, exigindo uma luta ainda mais encarniçada pela própria sobrevivência. Se alguns podem se esconder em casa, estocar alimentos e remédios; o gari, o metalúrgico, o ecetista, o petroleiro, todos eles, não podem. O seu sustento vem da produção material e da produção material vem a sobrevida do capitalista. A única maneira de desfazer essa alternativa, portanto, é a luta. Os capitalistas atacam os trabalhadores com a redução da jornada de trabalho e redução salarial, o desemprego, a falta de condições do sistema de saúde. A classe operária, a esquerda e a juventude devem atacar o estado neoliberal com as greves, a mobilização e a luta pelo controle direto dos recursos vitais.