As gigantescas mobilizações do último dia 15, que levaram mais de um milhão de pessoas às ruas, em mais de 300 cidades do País, integradas por uma maioria de jovens e trabalhadores da Educação intensificaram a crise do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro e mostraram claramente o único caminho para que os explorados e suas organizações saiam vitoriosos diante do regime golpista e dos seus pesados ataques contra as condições de vida e trabalho da imensa maioria do povo brasileiro.
A política que dominou a mobilização, a partir da vontade expressa e contundente da maioria dos manifestantes, foi a de que é preciso derrubar o atual governo, impor uma derrota profunda ao atual regime e não apenas fazer ajustes e esperar por uma via ilusória e sem qualquer garantia, como as eleições futuras (que podem ou não ocorrer, que podem mais uma vez ser fraudadas etc.). Isso calou em boa medida, nos atos, a política dos setores dirigentes, da esquerda burguesa e pequeno burguesa, que buscam conduzir o movimento para uma política de integração com setores golpistas, como é o caso da “frente ampla”, com elementos reacionários e traidores como Paulinho da Força (SDS), Ciro Gomes (PDT), Rodrigo Maia (DEM) e até para a defesa da “estabilidade” do atual governo, como defendem governadores do PT, como Rui Costa (BA), que apóia a a reforma da Previdência e diz que não se deve desestabilizar o governo Bolsonaro (enquanto reprime a greve dos professores das universidades estaduais).
Essa evolução da consciência política de amplas parcelas superou também a política dos setores da esquerda que querem “ensinar Bolsonaro a governar”, “colocar o governo na linha” ou fazer pequenas mudanças no governo, como trocar o ministro fascista da Educação, o que equivale a defender o “fica Bolsonaro” e a apoiar o governo rejeitado pela ampla maioria do povo brasileiro e, que depois de eleito com o voto minoritário do eleitorado (pouco mais de 30%), tem cada vez com menos apoio.
A mobilização do dia 15 deu passos no sentido de deixar para trás a política de derrotas do período anterior, no qual dirigentes políticos e dos movimentos de luta dos trabalhadores “ensinaram” o povo a não misturar as coisas, a se mobilizar em cada momento do golpe pela reivindicação mais imediata mais isolada, sob a falsa alegação de que isso servia para “unificar” e fortalecer a luta. Foi assim que fomos derrotados em todas lutas parciais e na luta de conjunto contra o golpe de Estado. Perdemos, na luta contra o congelamento dos gastos públicos (PEC 95); perdemos na luta contra a reforma trabalhista; perdemos na luta contra a reforma do ensino médio; perdemos na prisão de Lula; perdemos nas eleições etc.
O povo está cansado de perder. E ainda ter que ver setores da esquerda comemorarem supostas vitorias parciais, que quase sempre servem apenas aos interesses imediatos e medíocres dessa esquerda, para quem o retrocesso geral das condições de vida da imensa maioria do povo não conta, não é uma questão decisiva.
O dia 15 mostrou o caminho das ruas, da luta política de conjunto contra o regime golpista da unificação das lutas parciais com a luta geral em torno de questões claras e decisivas, capazes de abrir caminho para uma derrota geral dos golpistas para abrir caminho para vitórias reais e duradouras dos explorados. Isto se deu, principalmente, em torno das reivindicações centrais das manifestações, apresentadas nas suas palavras-de-ordem mais apoiadas: “fora Bolsonaro” e “Lula livre”.
É preciso impulsionar essa perspectiva, fortalecendo a luta por essa política de independência dos trabalhadores e da juventude em relação ao regime golpista, por meio do esclarecimento mais amplo do caráter reacionário da politica de conciliação com o regime e pela realização de uma ampla campanha pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas, pela liberdade de Lula e de todos os presos políticos e pela convocação de novas eleições, livres e democráticas, com Lula candidato.
Para levar adiante essa luta, fortalecer os comitês de luta em todo o País; em todas as categorias, nos locais de trabalho, estudo e moradia.
De modo imediato, impulsionar a ampliação da mobilização nas universidades e escolas e impulsionar – com a mesma política combativa da greve nacional da Educação – a greve geral (paralisação nacional) do próximo dia 14 de junho, como primeiro passo para uma greve geral de verdade, por tempo indeterminado, pela queda do governo e pelo atendimento das reivindicações dos trabalhadores e da juventude e de suas organizações.