O presidente fascista e ilegítimo Jair Bolsonaro em reunião com a ministra da agricultura, Tereza Cristina, e o secretário especial de Assuntos Fundiários, Antonio Nabhan Garcia, definiram a substituição do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), General João Carlos Jesus Corrêa, e toda a diretoria da instituição.
A demissão do general se deu por pressão dos latifundiários, em especial do latifundiário e pistoleiro Antonio Nabhan, em decorrência da política de destruição da reforma agrária e da privatização dos assentamentos rurais oriundos da luta pela terra.
Desde fevereiro, data da nomeação do general para o Incra, houve diversos embates e divergências entre João Carlos e Antonio Nabhan em relação aos cortes no orçamento do órgão e a privatização dos assentamentos da reforma agrária através da entrega de título em massa para as famílias assentadas por todo o país.
Os latifundiários bolsonaristas pertencentes a União Democrática Ruralista (UDR), entidade de extrema direita com características fascistas de pistolagem e massacre de trabalhadores rurais sem-terra e indígenas, querem colocar em prática um plano de privatização em massa dos assentamentos e de terras públicas para que os trabalhadores que possuem o título da terra possam vender as terras dos assentamentos. Sendo que atualmente não existe essa possibilidade, já que os assentamentos são terras públicas e só podem ser concedidas para uso das famílias sem-terra. Os cálculos do secretário de assuntos fundiários é de entregar mais de 700 títulos, ou privatização de 700 mil lotes da reforma agrária, até o final do ano.
Outro ponto de grande é a devolução de áreas de assentamento em processo de desapropriação para os antigos latifundiários. Sendo que boa parte dos assentamentos se encontram em processo de desapropriação e podem levar a milhares de famílias a serem colocadas novamente na beira das estradas diante desse procedimento.
Há uma enorme pressão do ex-presidente da UDR, Antonia Nabhan, para que isso ocorra o mais rapidamente possível como forma de esmagar os movimentos de luta pela terra e enfraqueça a organização dos trabalhadores.
A divergência entre os latifundiários e os militares não é de privatização em massa dos assentamentos, legalização da grilagem ou de paralisação total do processo de reforma agrária. Os bolsonaristas tem acordo com essa política e a divergência está em como encaminhar esse processo.
Os cortes drásticos no orçamento do Incra deixaram os militares insatisfeitos, pois com poucos recursos não conseguem executar sua política de ataque a luta pela terra e muito menos a privatização dos assentamentos.
Outro ponto é que esse processo “a toque de caixa” como está sendo proposto pelos latifundiários da extrema direita pode colocar fogo na luta pela terra e polarizar ainda mais a situação no campo. O receio de uma parte dos bolsonaristas é que essa situação poderia levar a um agravamento da luta pela terra e impulsionar a luta pela reforma agrária.
Nesse momento, os movimentos de luta pela terra não estão reagindo aos ataques do governo Bolsonaro devido a uma política de recuo e de confusão política. Esses ataques poderiam colocar radicalizar a luta pela terra, pois milhares ou até milhões de pessoas seriam colocadas rapidamente em uma situação crítica para fora de seus pedações de terra obtidos através de muita luta e forçariam uma mudança de posição política dos movimentos de luta pela terra, num momento de crise cada vez maior do governo Bolsonaro.