Em uma recente entrevista de um dos principais produtores de cinema brasileiro no jornal golpista Folha de S. Paulo, diante da real ameaça de extinção da Ancine (Agência Nacional de Cinema) e por conseguinte, do cinema brasileiro como um todo, o produtor Rodrigo Teixeira declarou ser necessário o diálogo com Bolsonaro para evitar o pior. Mais precisamente declarou que o que deve ser feito é “dialogar com o governo, mostrar que geramos empregos e pagamos impostos”. Péssimo argumento, Bolsonaro não quer saber de impostos e de empregos. Perdoou dívida de R$ 17 bilhões de ruralistas com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). Emprego? Em seu governo o número de desempregados já ultrapassou os 20 milhões e não pára de subir.
A solução dele é de alguém que julga estar em uma democracia burguesa, minimamente estabelecida, mas o que existe no Brasil sob o governo Bolsonaro é uma ditadura quase que estabelecida. O produtor pretende “dialogar” com Bolsonaro que recentemente declarou que a Ancine deve acabar e que o cinema brasileiro não deve ter nenhum tipo de financiamento público, ou seja, também deve acabar. O governo Bolsonaro não dialoga nem com sua base aliada, quanto mais dialogar com alguém da área da cultura que está sendo atacada em todos os níveis desde o golpe que derrubou Dilma Rousseff.
Bolsonaro já realizou cortes na área da saúde pública cortando acesso a medicamentos de doentes crônicos de câncer e diabetes afetando 30 milhões de brasileiros. Quer cobrar mensalidade nas universidades públicas e privatizar do ensino básico ao superior. Está aprovando no Congresso a Reforma da Previdência que vai fazer com que milhões de trabalhadores brasileiros nunca se aposentem e vivam na miséria até o fim da vida.
O produtor em questão ainda completou dizendo “Vamos ter que conversar. Bem ou mal, o presidente foi eleito democraticamente”. Hitler também foi eleito “democraticamente” e não houve diálogo com os judeus levados para os campos de concentração e fornos crematórios.
O governo Bolsonaro defende abertamente a tortura e matança de índios e da população pobre nas favelas. É um governo anti-povo, que defende abertamente os interesses estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos, e está vendendo o patrimônio do Brasil sem nenhum tipo de cerimônia ou diálogo com o “povo que o elegeu”.
A política do “diálogo” com um governo fascista, como o de Bolsonaro, é o mesmo que aceitar calado. Bolsonaro falou em filtro no cinema brasileiro. Isso em bom português significa censura. Vamos dialogar o que pode e o que não pode ser mostrado? Vamos dialogar qual assunto ou tema o governo fascista de Bolsonaro vai permitir ser mostrado nas telas? Com fascista não tem diálogo! Franco, Salazar, Hitler, Mussolini e tantos outros não dialogaram com ninguém. Impuseram um regime ditatorial e quem não concordava não era convidado a dialogar, mas era preso, torturado e assassinado.
Rodrigo Teixeira não é um produtor de cinema qualquer, é experiente, atua principalmente no mercado internacional, um empresário do ramo, ou seja, vai onde tem dinheiro, que não aposta somente no cinema brasileiro para ganhar seus milhões. Tem produções internacionais indicadas a prêmios importantes como o Oscar, Cannes e tantos outros festivais mundo afora. Para ele se o cinema brasileiro acabar, é a vida! Ainda tem os EUA, a Europa, um mundo a ganhar. Natural que essa seja sua posição. A do diálogo com um governo fascista.
Agora para os que realmente se importam com o cinema brasileiro, o público, os cineastas, os atores, os roteiristas, e os milhares de trabalhadores do setor, a saída é uma só, lutar para derrubar este governo que não quer nenhum tipo de diálogo. Não existe diálogo com fascista. Fora Bolsonaro!