As vacinas contra o novo coronavírus, assim como quase tudo no capitalismo, são alvo de disputas econômicas. Mais especificamente, são alvo de disputas entre o bloco imperialista e os países capitalistas atrasados que tentam se colocar com alguma autonomia no mercado internacional. É bastante óbvio que após mais de um ano de pandemia, inclusive com piora do quadro em vários países, que o uso das vacinas comprovadamente seguras fosse estimulado o quanto possível.
O Brasil, como país oprimido pelo imperialismo, tem como opções principais a subordinação ou o enfrentamento. Mesmo que limitada, a política mais nacionalista dos governos do PT não foi tolerada pelos donos do mundo e o golpe de 2016 inaugurou um período de aprofundamento da política de subordinação. O ilegítimo governo Bolsonaro é prova cabal que qualquer agrupamento da direita no país sempre tem como ordem do dia cumprir as determinações impostas pelo imperialismo estadunidense.
Acumulando centenas de milhares de mortos por covid, a atitude minimamente responsável de qualquer governo seria buscar o mais rápido possível por vacinas. Com o respaldo do status de “científica”, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) comandada por um contra-almirante vem mostrando até onde vai na prática esse caráter abstratamente científico do órgão.
Atualmente apenas duas vacinas receberam registro completo no país, a da Pfizer e a da Astrazeneca, não por acaso uma estadunidense e outra britânica. A CoronaVac, da qual BolsoDoria procura tirar proveito político, tem apenas autorização para o uso emergencial. Uma das últimas vacinas a aparecer no mercado, a Janssen, da estadunidense Johnson & Johnson, já recebeu a mesma autorização e não deve tardar seu registro completo. Para se ter uma ideia de como opera a “ciência”, nos Estados Unidos, foi aprovada antes do final dos testes.
Duas outras vacinas não foram nem liberadas para o uso emergencial, a indiana Covaxin e a russa Sputnik V. Vale lembrar que a vacina desenvolvida pelo laboratório russo Gamaleya foi a primeira desenvolvida contra o novo coronavírus a ser apresentada ao mundo e, mesmo apresentando elevada eficácia e manutenção mais barata, segue no final da fila do mercado de vacinas na maior parte do mundo.
Recentemente, a Anvisa deu um parecer negativo para a aprovação da Sputnik V e impulsionou a campanha internacional contra a vacina. Os responsáveis pelo desenvolvimento da Sputnik V emitiram nota oficial na qual expõem com todas as letras que o parecer negativo tem natureza unicamente política. Para complementar, apresentam tabelas de resultados comparativos com outras vacinas na Hungria, México e Argentina, países que receberam grande quantidades da sua vacina. Em todos os quesitos, a Sputnik V leva vantagem sobre a da AstraZeneca, da Sinopharm, da Moderna, da Pfizer/BioNTech, da Cansino e da Sinovac (a CoronaVac).
Como informamos recentemente, apesar das evidências científicas, a União Europeia está restringindo o acesso de turistas vacinados com a Sputnik V. Essa é outra frente da campanha de difamação internacional dessa vacina. Enquanto a população mundial clama por vacinação, o imperialismo investe seu poder para combater a primeira e mais eficiente vacina contra a doença que segue fazendo vítimas.
Vale lembrar também que a pequenina Cuba, bloqueada economicamente pelo país mais poderoso do mundo, já desenvolveu 5 vacinas contra a covid com o uso de biotecnologia avançada e luta para conseguir produzir um grande número de doses. Após vacinar sua população e reabrir totalmente as portas para o turismo, atividade da qual ainda depende, Cuba pretende exportar sua vacina. Muitos países pobres contam com a ajuda dos cubanos, porque não terão dinheiro para pagar pelas vacinas dos países imperialistas. O Brasil teria recursos suficientes para patrocinar a produção dessas vacinas e garantir a ampla vacinação da nossa população, mas enquanto isso o governo prefere fechar as portas para as vacinas produzidas fora do bloco imperialista.
Pela quebra das patentes! Vacinação já!