O movimento dos coletes amarelos que ficou famoso em 2018 e 2019 por paralisar a França durante vários meses em protestos contra medidas do governo que impactariam muito as classes trabalhadoras, voltou às ruas no último sábado (12/9) em convocação feita exclusivamente pelas redes sociais. As bandeiras continuaram relacionadas à situação das classes trabalhadoras e contra as políticas neoliberais.
Com a pandemia do novo coronavírus o movimento parou com manifestações. Mas neste sábado retomou as passeatas. Mesmo que em número menor, conseguiu mobilizar as principais cidades francesas (Marselha, Toulouse, Lyon, Lille, Nantes, Nice, Estrasburgo) e novamente as bandeiras antifascistas foram às ruas em forte aparato policial para impedir que saíssem das rotas liberadas. A prefeitura de Paris proibiu manifestações na Avenida Champs-Elysées, em frente a Torre Eiffel e na catedral de Notre Dame, entre vários outros lugares importantes (El Mundo, 12/9/20). O aparato policial foi reforçado e a polícia fechou várias estações de metrô na capital.
Segundo a polícia, em torno de 8.500 pessoas participaram das passeatas, sendo 2.500 em Paris, mas as fotografias e vídeos dão a impressão de um número muito maior. Em parte do dia as manifestações ocorreram sem incidentes com a truculenta polícia francesa. Mas os confrontos ocorreram quando a polícia usou de força contra os manifestantes, inclusive usando gás lacrimogênio. No final do dia a polícia já havia prendido 287 pessoas, 86 acusados de portarem objetos perigosos.
Além das reivindicações de melhores condições de trabalho, salários e pensões maiores, muitos manifestantes levantavam palavras de ordem contra as tímidas ações do governo contra o coronavírus.
As manifestações ocorreram sem a presença clara das centrais sindicais e partidos políticos, mas parecem se conectar com várias outras manifestações que têm ocorrido nos últimos meses na França, mesmo com as restrições impostas pela situação da pandemia. Em junho houve várias manifestações em defesa dos direitos dos migrantes, enquanto as centrais sindicais preferiram realizar atos virtuais em julho.
Os governos europeus têm anunciado que no próximo ano deverão promover medidas para equilibrar as finanças governamentais atingidas pela pandemia. Vários analistas apontam entre as medidas que serão tomadas o aumento de impostos e redução de gastos públicos. Apesar das entidades sindicais em quase todos os países estarem assumindo uma postura mais retraída e de desmobilização, alegando as restrições sanitárias, observa-se que os trabalhadores estão dispostos a lutar contra medidas que lhes imponham mais sacrifícios. Por isso, as pequenas manifestações ocorridas nos últimos meses são importantes para se verificar o ânimo de luta dos trabalhadores.