O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) decretou o fim das bolsas de iniciação científica para ciências humanas ao publicar uma chamada para 25 mil bolsas de estudo em todo o pais que exclui as áreas de Humanidades, Artes e Ciências Sociais. As bolsas são parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), e a partir de agora estão somente disponíveis para o que foi chamado de “tecnologias prioritárias”, que de acordo com a ADUnB, representa “temáticas tecnológicas, produtivas, do desenvolvimento sustentável e da qualidade de vida”. Bolsas direcionadas as ciências humanas só terão consideração alguma se estiverem diretamente ligadas a estas “tecnologias prioritárias”.
Em carta enviada pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), em conjunto com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes (PSL), astronauta bolsonarista, é pedido que esta medida seja revogada: “Se não há a possibilidade de uma formação de pesquisadores em todas áreas e temas, o que será do futuro da ciência brasileira?”. O futuro da ciência brasileira segue caindo no abismo desde seu pico de investimento, e agora se vê mais perto da extinção do que nunca.
Para Jacques de Novion, vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), a medida “é uma evidência da atuação e da estratégia política desse governo, que trata a pandemia de forma leviana mas se utiliza dela para avançar, de forma sórdida, com o seu ultra-neoliberalismo, e com a destruição da educação pública e da Ciência e Tecnologia (…) Só um governo inconsequente ignora a importância das diversas áreas do conhecimento e sua relação transversal na produção científica e de inovações em temas comuns”.
Esse sucateamento das instituições de ciência no brasil é fruto do golpe dado contra a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) em 2016, que mesmo durante seu mandato já via pressões contra o investimento na Ciência. De 2014 até 2019, de acordo com pesquisa acerca do orçamento do FNDCT e do CNPq, da Siop, o País foi de investimentos de mais R$ 2 bilhões anuais para menos de R$ 1 bilhão apenas no CNPq. Sem contar que de 2015 para 2019 há uma discrepância imensa entre os investimentos projetados e os liquidados (efetivamente usados).
Para impedir que a ciência no Brasil seja freada com contínuos cortes de verbas e privatizações na educação, é preciso acabar com o governo Bolsonaro. Não há eleição que resolverá este problema. As categorias dos estudantes, que serão os mais afetados por essa medida golpista e ditatorial, precisam se mobilizar em massa para barrar os ataques dos golpistas contra a ciência e a educação.