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Abaixo o clube-empresa!

Clube-empresa é a entrega do futebol brasileiro aos grandes monopólios

O modelo do clube-empresa, caso implementado, levará inevitavelmente ao domínio dos grandes monopólios capitalistas estrangeiros sobre o futebol nacional

É cada vez mais frequente, na imprensa burguesa, nos órgãos do Estado capitalista (Câmara, Senado, governo federal) e nas entidades esportivas (CBF, federações e direções dos clubes), o debate sobre a transformação dos clubes de futebol em empresas capitalistas. A direita golpista, que domina todas essas instituições, avança a passos largos para concretizar essa proposta e abrir as portas dos clubes para o controle total dos grandes monopólios capitalistas nacionais e internacionais.

Na Europa, onde o processo de “empresarização” dos clubes se encontra em estágio bastante avançado, já é possível constatar os efeitos nefastos dessa mudança: elitização dos estádios, com a exclusão da classe operária e dos setores populares da sociedade, fruto do encarecimento dos ingressos e da repressão e demonização dos torcedores organizados; transformação dos estádios em “arenas”, ou seja, em locais que são um misto de casas de espetáculos e shopping centers, avessos e hostis às manifestações populares; menor participação dos torcedores nos rumos do futebol e um domínio quase completo das grandes companhias capitalistas sobre os clubes, as federações e confederações, os campeonatos, e assim por diante.

É na Europa, portanto, que se podem ver as manifestações mais esdrúxulas e paradoxais desse fenômeno.

Já é comum no Velho Continente, como resultado da implementação geral do modelo do clube-empresa, a existência de vários clubes que são propriedade de um mesmo dono. A Red Bull, poderosa empresa do ramo de bebidas energéticas, por exemplo, controla quatro equipes ao redor do mundo: o Red Bull Salzburg, da Áustria, o RB Leipzig, da Alemanha, o New York Red Bull, dos EUA, e o Bragantino, do Brasil. A situação, como era previsível, gerou o que a imprensa capitalista chama de “crise ética”, quando a empresa viu as suas duas equipes europeias se classificarem, em 2017, para uma mesma competição, a Liga dos Campeões da Europa. O domínio dos monopólios capitalistas sobre os destinos do futebol fica absolutamente claro neste fato: a Uefa, entidade que dirige o futebol europeu e que proibia, desde os anos 90, a participação de clubes com mesmo dono numa mesma competição, autorizou a participação das equipes, sob o fajuto argumento de que a integridade da competição não estaria comprometida, uma vez que a Red Bull afirmou ser apenas a principal patrocinadora do Salzburg, e não sua proprietária. Isso apesar de ambas as equipes terem o mesmo logotipo da empresa nos escudos e nos nomes dos estádios, e de serem administradas pelos mesmos executivos!

Outro exemplo de domínio de um mesmo grupo capitalista sobre vários clubes ao redor do mundo é o caso do City Football Group, pertencente ao xeique Mansour bin Zayed Al Nahyan, membro da Família Real de Abu Dhabi e Ministro dos Assuntos Presidenciais dos Emirados Árabes Unidos. O grupo é dono do Manchester City, da Inglaterra, do New York FC, dos EUA, do Girona, da Espanha, do Melbourne FC, da Austrália, do Atlético Torque, do Uruguai, e do Guayaquil City, do Equador. Mas também tem participação no Yokohama Marinos, do Japão, e no Sichuan Jiuniu, da China.

A submissão crescente do futebol à lógica do capital monopolista tem multiplicado exemplos como esses. Levada às últimas consequências, essa tendência acarretará o domínio dos monopólios capitalistas sobre todos os aspectos do futebol. Assim como os monopólios, em qualquer ramo da atividade econômica, buscam controlar as fontes de matéria-prima, controlar a produção, controlar os preços e manter e ampliar suas áreas de influência, para no final obter os lucros necessários, no futebol buscarão controlar as regiões mais férteis na produção de jogadores, buscarão controlar o mercado de transferência de jogadores, buscarão controlar o maior número possível de clubes, buscarão controlar as entidades políticas do futebol, buscarão, no final das contas, controlar o jogo e, o que é ainda mais importante, o seu resultado, para no final obter os lucros necessários — não é outro o significado da passagem da concorrência ao monopólio no domínio econômico do futebol.

O projeto de lei do clube-empresa, que visa estimular que os clubes se transformem em empresas, consiste numa medida de fundamental importância para consolidar esse cenário desastroso no Brasil. Permitindo o chamado “investimento estrangeiro” e a venda de ações dos clubes no mercado financeiro, a proposta da “empresarização” terá como consequência inevitável a aquisição, mais cedo ou mais tarde, dos principais clubes brasileiros de futebol pelos grandes monopólios capitalistas estrangeiros. O domínio estrangeiro sobre o futebol nacional, aliás, não significará apenas a canalização dos lucros decorrentes do futebol para o exterior, mas também a entrega de um dos principais elementos da cultura do povo brasileiro para o capital estrangeiro. Estamos diante, pois, de mais uma medida que acentuará as tendências semi-coloniais da sociedade brasileira.

Abaixo o clube-empresa! Por um futebol popular, controlado pelas massas organizadas!

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