Pela primeira vez em 32 anos, o Prêmio da Música Brasileira – criado por José Maurício Machline – foi cancelado. O evento contava com o patrocínio de empresas, dentre as quais a Petrobras era a principal. Entretanto, com o regime obscurantista de Bolsonaro, a Petrobras anunciou em abril que não participaria das próximas edições.
Machline vinha buscando discretamente outras fontes de patrocínio até agora, mas acabou declarando o cancelamento da atividade, devido ao “clima instável”. O artista, que havia se tornado uma espécie de curador da Música Popular Brasileira, confessou que as empresas privadas não quiseram investir.
O prêmio já promoveu trabalhos de artistas como Ari Barroso, Baden Powell, Zé Keti, Clara Nunes, Noel Rosa, Tom Jobim, Dona Ivone Lara, Maria Bethânia, Angela Maria, Elis Regina, Gilberto Gil, João Bosco. Mas não se tratava de uma competição que concentrava apenas a elite da música brasileira, sendo também um espaço importante para artistas novatos.
Mais um importante patrimônio cultural que vai se perdendo, reflexo da hostilidade do regime golpista contra a cultura. Uma hostilidade que além de ideológica, também é financeira. Desde os ataques da extrema-direita aos artistas, à censura de exposições de arte e ao cinema, à militarização das escolas, temos um governo que ataca a capacidade de expressão de seu povo.
No ano passado, os artistas homenagearam o ex-presidente Lula e pediram sua liberdade na noite de premiação. A música popular também é um elemento de politização – tudo o que o regime golpista não quer.