Ficamos sabendo por meio da imprensa que o filme Boy Erased: Uma Verdade Anulada, com estreia anunciada no Brasil em 31 de janeiro deste ano, foi cancelado pela Universal Pictures, e agora somente deve ficar disponível, em data futura, por meio de tv a cabo.
O autor do livro no qual se baseia o filme, Garrard Conley, fala em censura, mas a Universal garante que o problema é apenas comercial, que a estimativa de bilheteria não compensava fazer campanha para o lançamento.
Não é só o autor do filme que acredita em censura, está claro que o desgoverno Bolsonaro terá a censura como arma e que o ambiente, o clima bolsonarista que se vai naturalizando influenciará cada vez mais decisões como a da Universal Pictures.
Lembremos uma das intervenções mais recentes foi feita pelo próprio Bolsonaro ao programa “Sem Censura”, apresentado pela jornalista Vera Barroso, na TV Brasil. O programa foi suspenso e a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) diz que ele será ‘reavaliado’ para definir um formato ao gosto do desgoverno golpista.
Também recentemente o Ministério da Educação, mesmo afirmando que não agiu, fez retirar da internet programas sob responsabilidade da TV Ines, sobre personagens como Karl Marx, Friedrich Engels, Nietzsche, Marilena Chauí e Jean Wyllys, além de outros que tratavam sobre diversidade e feminismo.
Bolsonaro nega, mas essa é uma estratégia recorrente. Devemos nos perguntar se estamos diante de um caso de autocensura, decorrente das pressões do bolsonarismo e, em caso afirmativo, temos que nos mobilizar para combater esse clima.
Combater o clima de censura decorrente do governo Bolsonaro é mobilizar-se contra o golpe.
Bolsonaro é fruto do mesmo golpe que retirou fraudulentamente Dilma Rousseff da Presidência da República e inaugurou uma era de retrocessos e retiradas de direito, de ataques aos trabalhadores e suas organizações, um tempo de violência que, se não for combatido aqui e agora, vai animar a extrema-direita para perseguir, criminalizar e tentar sufocar os movimentos sociais e a esquerda no país.
A esquerda pequeno-burguesa lambe suas feridas e age como se tudo dependesse de pequenos acordos e alianças espúrias, talvez que esteja a salvo se ficar sob a sola da direita. Nada substitui a mobilização contra o golpe.