O líder das milícias al-Mahdi, o clérigo xiita Moqtada Al-Sader, convocou protestos no Iraque contra a presença dos norte-americanos, que ele chamou de “forças invasoras”. Al-Sader reuniu-se com outras lideranças da resistência à ocupação no Iraque durante a terça-feira (14), e apontou que há a necessidade de um “revolução” para expulsar as forças dos EUA do Iraque. “O céu, a terra e a soberania iraquiana são violados pelas forças invasoras”, declarou Al-Sader.
Diversos líderes iraquianos expressaram apoio ao chamado de Al-Sader. O chefe da Aliança Al-Fateh, Hadi Al-Amiri, fez um apelo para que o povo participe das manifestações convocadas pelo líder das milícias al-Mahdi. O secretário-geral do movimento Asa’ib Ahl al-Haq, Xeique Qais Khazali, chamou a população iraquiana a demonstrar que é contra a ocupação norte-americana do Iraque. Já o secretário-geral do movimento Al-Nujaba, Xeique Akram Al-Kaabi, foi ao Twitter pedir união em torno da palavra de ordem: “Não à presença norte-americana, unidos sob a bandeira do soberano Iraque”. O Hezbollah também expressou apoio à iniciativa.
Além de todas essas lideranças de grupos organizados de resistência, todas elas xiitas, Ryan Chaldean, líder da Brigada da Babilônia, milícia cristã que se formou na luta contra o Estado Islâmico, também expressou apoio à iniciativa de Al-Sader.
Milícias al-Mahdi
As milícias al-Mahdi, comandadas por Al-Sader, foram reativadas exatamente no dia 3, por ocasião do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, por ordem de Donald Trump. Esse é um fato contundente para demonstrar que a ação dos EUA está provocando uma onda de reação à presença norte-americana em toda a região. Protestos em memória de Soleimani aconteceram em diversos países da região, demonstrando que os EUA devem ter problemas no próximo período.
A crise em torno do assassinato de Soleimani é o episódio mais recente em uma longa crise da própria dominação imperialista no Oriente Médio. Desde a revolução iraniana em 1979, passando pela caótica ocupação do Iraque em 2003, que levou a uma derrota em 2007, e a um obrigatório acordo com o Irã para evitar um desastre maior, os EUA veem sua predominância no Oriente Médio cada vez mais ameaçada e fragilizada.