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Escárnio

Classe média investe em bitcoin o auxílio que era para os pobres

Enquanto a classe média pega esmola governamental destinada aos pobres para especular no cassino legalizado, fome se alastra em meio a indiferença do governo golpista

Não chega a ser de todo inesperado mas continua capaz de chocar a absoluta falta de vergonha na cara das camadas pequeno-burguesas da sociedade, as mesmas que encabeçam movimentos pela ética e a moralidade mas diante de uma situação mortal ao amplo conjunto pobre da população, tomou um dinheiro que não lhes pertencia para jogar no cassino da indústria financeira.

O caso relatado por um blog de propaganda da Bitcoin é o de um estudante maranhense de técnico em enfermagem, Raimundo Rodrigues. Recebendo o auxílio, uma série de operações de financeiras se desenvolvem, no sentido de criar um capital imoral de diversas formas.

Primeiro, por ser uma corrupção explícita de uma verba que deveria ser destinada a milhões de pessoas ameaçadas pela fome. Segundo, por que a especulação financeira dos setores mais poderosos da burguesia é exatamente a razão deste dinheiro faltar às amplas massas despossuídas e em vertiginoso processo de empobrecimento. É importante destacar que em todo o mundo, o que sustenta o cassino da indústria financeira é justamente a expropriação feita por uma pequena porção da burguesia dos países de desenvolvimento burguês adiantado, pilar fundamental do imperialismo. Através do sequestro das riquezas nacionais dos seus próprios países e quase todas as nações atrasadas, esses setores da burguesia dão algumas migalhas para a classe média, guardando o bolo quase inteiro para esse diminuto grupo.

Isto tudo tem de ser considerado quando pensamos no escárnio das camadas pequeno-burguesas pegando algo que deveria ser destinado aos setores mais esmagados da população, o que não é o caso dessa parcela da sociedade, que tampouco está ameaçada com a perspectiva da volta do país ao Mapa da Fome, quando pelo menos 5% da população é atingida.

É especialmente mais revoltante quando vemos, de norte a sul do País, a multidão de trabalhadores massacrados, enfrentando filas gigantescas em meio ao frio que já castiga boa parte do país, especialmente aqueles que madrugam na vã esperança de verem uma solução para seus dramas materiais mais urgentes (a falta de comida entre eles) serem solucionados enquanto elementos de classe média, mais organizados do ponto de vista burocrático e com pleno acesso às redes para cumprir (ou fazer de conta) os requisitos exigidos pelo governo para disponibilizar a esmola, que por expedientes assim, demonstra a total falta de vontade em evitar o alastramento da fome durante a crise.

O desinteresse de Bolsonaro e sua gangue não é fruto de outra coisa que não a luta de classes. Demonstrada de maneira cristalina, os trabalhadores mais pobres dos rincões do País precisam se organizar em conselhos de bairro, para atuar coletivamente de modo a fazer pressão contra o regime político golpista vigente, que como demonstrado, não se envergonha em atuar contra a fome e a expansão da miséria de maneira meramente administrativa, sem real preocupação com os atingidos, sem mobilização que não seja “para inglês ver”, na melhor concepção das raízes históricas do ditado.

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