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Aniversário de nascimento

Clara Zetkin e o movimento feminino revolucionário

Zetkin foi uma das organizadoras do I Congresso de Mulheres Socialistas (1907) que impulsionou a participação política das mulheres de diversos países na luta revolucionária

Clara Zetkin (1857-1933)
Clara Zetkin

Nascida Clara Eissner, em 5 de julho de 1857, no início da crise do regime contra-revolucionário que se seguiu à Revolução Alemã de 1848, na cidade de Wiederau, na província da Saxônia, no seio de uma família de classe média, tornou-se uma revolucionária profissional desde a mais tenra juventude, nos anos 70 do século retrasado, e assim permaneceu até o final dos seus dias.

Juventude

Seus primeiros contatos com o Partido Social-democrata Alemão de Wilhelm Liebknecht e August Bebel serão realizados quando estudante na Faculdade de Magistério para Mulheres da cidade de Leipzig. Clara, no entanto, será ganha para a causa operária e para o marxismo pelo seu primeiro marido, um russo, Ossip Zetkin, com quem trava conhecimento através das suas relações com revolucionários russos.

Seu ingresso no SPD se dá no momento de maiores dificuldades para os socialistas alemãs que enfrentam as famosas leis de repressão da atividade socialista na Alemanha unificada sob o governo de Bismarck.

Como resultado da sua atividade contra a ditadura é forçada ao exílio na década de 80 e passa aproximadamente 10 anos fora do país, vivendo na Suíça e em Paris, na França, onde entra em contato com as principais lideranças do socialismo internacional. Durante este período colabora ativamente com o órgão do partido, Sozialdemokrat .

Dirigente socialista

Em 1889, participa do Congresso de Fundação da II Internacional em Paris onde apresenta o relatório sobre o trabalho socialista entre as mulheres e é eleita secretária do Secretariado Feminino daquela organização operária internacionalista.

Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo

Após o Congresso, decide voltar à Alemanha onde já é uma das figuras mais conhecidas e populares do maior partido socialista da época e se destaca na sua ala esquerda. O SPD atravessa desde o final da década de 80 uma profunda crise ideológica que se manifesta no surgimento de uma tendência de direita, revisionista do marxismo, personificada em uma parte dos líderes do partido como Eduard Bernstein, Georg von Vollmar e Eduard Davi, a qual é combatida tanto pelo centro dirigente, como Karl Kausti e August Bebel, como pela esquerda de Rosa Luxemburgo e o já veterano Franz Mehring, que serão o círculo de Clara Zetkin dentro do partido.

Como dirigente do SPD funda em 1892 o jornal Gleichheit ( Igualdade ) como instrumento da luta da mulher operária e se torna sua editora-chefe até a sua expulsão pela direita pró-imperialista em 1916.

“As mulheres operárias lutam lado a lado com os homens de sua classe contra a sociedade capitalista.” Clara Zetkin, em Apenas Junto Com as Mulheres Proletárias o Socialismo Será Vitorioso” (Outubro, 1896)

Surge o movimento de massas de mulheres

Além da sua importante atuação como revolucionária contra a degeneração do partido, onde se destaca como parte da minoria da velha geração que reage efetivamente à política da direita, o nome de Clara Zetkin está ligado indissoluvelmente ao surgimento do movimento de luta das mulheres, em particular das mulheres operárias, como movimento de massas em escala internacional nos principais países capitalistas do mundo.

A partir da década de 1870, o capitalismo mundial vai entrar na sua última fase de desenvolvimento, que durará até a última década do século, com um acelerado e profundo processo de industrialização que caracterizará a segunda revolução industrial. No marco deste processo histórico verificar-se-á o importante processo de incorporação da mulher à produção, o qual levará à crise – que perdura até hoje – das formas de organização social da família patriarcal que o capitalismo herdou e adaptou do feudalismo ao começar a colocar em xeque, ainda que se mostrando totalmente incapaz de eliminar, as bases da dependência econômica da mulher diante do homem.

A defesa das reivindicações femininas é levantada como bandeira por algumas organizações burguesas e pequeno-burguesas democráticas, mas sobretudo e esmagadoramente, pelos partidos socialistas vinculados à II Internacional. É, por exemplo, o Partido Socialista da América, dirigido por Eugene V. Debbs, que será responsável pela organização das primeiras manifestações de massas das mulheres daquele país no início do século, tanto na luta pelos direitos trabalhistas da mulher como pelo sufrágio feminino que acabarão por consagrar o 8 de março como dia internacional de luta da mulher.

Em 1907, Clara Zetkin está à cabeça da iniciativa de realizar o I Congresso de Mulheres Socialistas que impusiona a participação política das mulheres de diversos países na luta revolucionária e define um programa de luta pelas reivindicações da mulher operária.

Em 1910, o II Congresso de Mulheres Socialistas aprova, por proposta da própria Clara Zetkin, a realização de um dia de luta internacional da mulher, a exemplo do 1º de maio, dia de luta internacional de toda a classe operária, para lutar pelas reivindicações trabalhistas das operárias e defender os direitos políticos das mulheres.

O primeiro Dia Internacional de Luta das Mulheres, organizado por iniciativa do Secretariado Feminino Internacional coloca em movimento mais de um milhão de mulheres na Europa e nos Estados Unidos, evidenciando o caráter massivo e fundamental desta luta.

Comunista
Clara Zetkin

Durante a I Guerra Mundial alinha-se com a ala esquerda internacional dos socialistas dirigida por Lênin, Trotski e Rosa Luxemburgo, que se opõem à guerra, mas fundamentalmente ao apoio dos partidos socialistas à política belicista da burguesia imperialista, política de assassinato em massa e de pilhagem que é levada adiante em nome da “democracia” contra a ditadura, da “civilização” contra a barbárie e do “direito dos pequenos povos à liberdade”, mas que visa apenas a saquear o mundo todo.

Em 1915, organiza em Berna, na Suíca, país neutro, ousadamente, em plena guerra, um congresso internacional de mulheres contra a guerra. É presa e excluída do seu posto dirigente no SPD, inclusive no jornal Gleichheit. Rompe com a social-democracia e ingressa na ala esquerda do Partido Social-democrata Independente alinhado-se com os espartaquistas que virão a formar o Partido Comunista Alemão em 1919, no qual ingressa pouco após a fundação.

Amiga de Lênin, sobre o qual escreveu o famoso livro Recordações de Lênin , e integrante do presídio da III Internacional, torna-se um dos principais dirigentes comunistas internacionais. Após a morte de Lênin, perde prestígio no interior do aparato stalinista pelas suas divergências.

No interior do partido alemão, durante o período stalinista, mantém uma atitude de discordância – alinhando-se com a oposição de direita de Nikolai Bukharin – que é tolerada em função do seu enorme prestígio, a tal ponto que em 1932 é chamada a fazer, em nome do partido, o discurso de abertura do Reichstag (o parlamento alemão) em nome do partido no qual realiza uma violenta crítica do nazismo então no auge.

Após a vitória de Hitler, refugia-se na Rússia, onde morre pouco depois, em 20 de junho de 1933.

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