Ciro Gomes pretende apoiar Tasso Jereissati (PSDB-CE), um tucano neoliberal, para a presidência do Senado Federal. Logo Ciro, que se pretende líder da oposição a Bolsonaro.
A disputa pelo controle da Casa gira em torno de dois nomes: Renan Calheiros (MDB), dono do Estado de Alagoas, ligado às oligarquias que controlam o Nordeste, e Tasso Jereissati – do grupo da família Gomes, que manda no Ceará, um elemento do imperialismo ligado ao grupo Coca-Cola no Nordeste.
Há todo um bloco político no Senado que está se juntando para barrar a ascensão, novamente, de Calheiros para a presidência do Senado. Os grupos políticos que se unificaram em torno da candidatura de Bolsonaro agora estão brigando para ver quem irá controlar o órgão mais reacionário do legislativo brasileiro.
Fazem parte do bloco contra Calheiros, em defesa do PSDB, os próprios tucanos, o PDT (partido de Ciro Gomes), o PPS (que participou do governo Temer), a Rede de Marina Silva e o próprio PSL de Bolsonaro. Nesse sentido, mais uma vez Ciro Gomes e seu partido se aliam com o setor mais reacionário e entreguista da burguesia golpista, assim como fizeram quando defenderam a intervenção militar no Rio de Janeiro.
O PSDB é o partido tradicional do imperialismo, os maiores inimigos do povo brasileiro. O PPS participou do governo Temer até surgir o racha com um setor do imperialismo (que se expressou nas denúncias de corrupção envolvendo a JBS), quando também pularam do barco. Marina Silva é aliada política do bilionário George Soros. O PSL é de extrema-direita. E o próprio partido de Gomes apoiou majoritariamente o impeachment de Dilma Rousseff, na época do golpe de 2016.
Vale ressaltar que Jereissati é padrinho político de Ciro Gomes, e portanto a família que hoje manda no Ceará é de um bloco político alinhado ao PSDB do Estado. O irmão de Ciro, Cid Gomes afirmou: “Tasso seria um nome excelente e teria o perfil adequado, já que uma das grandes preocupações se trataria de ter alguém respeitável, que pudesse elevar o nome do Senado Federal”.
Isto é, os Gomes acham que um capacho das indústrias imperialistas tem um “perfil adequado”para “elevar o nome do Senado”. E fica claro também que a preocupação em “elevar o nome” de uma instituição golpista é, na verdade, uma preocupação em acabar com desmoralização da mesma diante da atual crise do regime. Um político, que vive nos bastidores políticos, como Jereissati, é um nome fundamental para levar adiante os ataques dos golpistas no Senado, sem gerar muita crise logo de início.
Ciro Gomes acaba entrando em uma frente única com o bolsonarismo, já que o próprio PSL e Jair Bolsonaro rejeitam o nome de Renan Calheiros no Senado.
É portanto essencial fazer a pergunta: é desta forma que Ciro pretende combater Bolsonaro? Os acontecimentos têm demonstrado que não, pois isso não é seu objetivo. Não passa de demagogia. A farsa do Ciro Gomes de esquerda tem ficado mais clara. Gomes não passa de um tucano enrustido e um político burguês tradicional utilizado pela direita para confundir a esquerda com a fraseologia que a esquerda pequena-burguesia tanto gosta.