Ciro Gomes voltou a disputar espaço na imprensa golpista com suas declarações, a maioria calculada para ser polêmica.
Desde 1982, quando inicia sua carreira como deputado federal, Ciro Gomes transitou por vários partidos, começando com o PDS, depois PMDB (prefeito de Fortaleza), PSDB (governador do Ceará), apoiou Mário Covas contra Collor nas eleições presidenciais de 1989, embora, no segundo turno, diga ter votado em Lula (PT).
Foi Ministro no governo Itamar Franco, em 1994. Nas eleições de 1998 e 2002, Ciro Gomes concorreu pelo PPS. Foi ministro de Lula entre 2003 e 2006. Depois se elegeu deputado federal pelo PSB em 2007. Passou pelo PROS, entre 2013 e 2015. Disputou as eleições presidenciais de 2018, pelo PDT.
Ou seja, os governos de ‘esquerda’ nos quais Ciro passou são politicamente confusos e lhes serviu apenas como legendas de aluguel. Ciro iniciou sua carreira política apadrinhado por Tasso Jereissati, empresário, do PSDB, com quem tem mais afinidades do que permite transparecer.
As declarações de Ciro visam a criar um aura de um político honesto, bem preparado, que conhece o país e que tem um projeto de desenvolvimento, um político que se distanciaria de outras lideranças de esquerda, apresentando-se como “A” alternativa. Temos denunciado e mostrado porém que o político cearense, na realidade seria ‘uma’ das alternativas da burguesia, da direita, caso não consigam alavancar um outro mais controlável.
Nas eleições para a UNE em 1979, os militares faziam o acompanhamento dos estudantes e, naquele momento, descreveram Ciro Gomes, um dos integrantes da chapa considerada de direita, “Maioria”, como alguém mais próximo do viés ideológico do regime militar.
Ele critica o ‘neoliberalismo’, mas mantem-se um (neo)liberal. E será sempre um candidato, uma alternativa, para a direita, ou seja, para aqueles que apostam e apostaram sempre na manutenção ou ampliação da desigualdade, que atuam para eliminar completamente toda e qualquer proteção legal aos trabalhadores.
Ciro tem uma missão fundamental para a direita, que é a de desfazer qualquer dúvida sobre a legitimidade do governo (golpista e fruto de uma fraude), negando o golpe de Estado – e assim, colaborando para mantê-lo. Junto com isso pretende acabar com a polarização.
A burguesia sempre atua no sentido das frentes amplas, como a que Ciro procura criar e liderar, pois em momentos de crise elas ajudam a formar alianças que, na prática, garantem a hegemonia da burguesia. Fazem uso dela e do discurso contra a polarização, porque sabem que à medida que, nesse momento de crise, o movimento se radicaliza fortalece e verte para a esquerda.
Ciro, apresentando-se como esquerda, ou centro-esquerda, ou social-democrata, e batendo no PT e em Lula especificamente, pretende alimentar as estratégias já bem estabelecidas de a burguesia demonizar partidos de esquerda, movimentos sociais, militantes. Ao mesmo tempo, apresenta-se como a alternativa.
Não nos enganemos, cada declaração de Ciro Gomes visa a manter na imprensa burguesa os carimbos negativos sobre os adversários políticos. Quanto mais espaço a imprensa dá para Ciro, vai ficando claro que ela pode adotá-lo se preciso, como candidato seu, e o usa, de toda forma, para atacar os adversários da imprensa burguesa.