O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT), um dos mais tradicionais representantes da burguesia brasileira, mesmo quando travestido de esquerdista, por estratégia política, não consegue esconder seu verdadeiro direitista e repressor. Ao referir-se a greve dos policiais no Ceará, na qual seu irmão e Senador da República, Cid Gomes levou tiros, defendeu a repressão como única solução. Segundo Gomes: “Infelizmente só há uma saída depois que esse quadro de anarquia e de anomia se instala, que é a repressão. Não tenho nenhuma alegria em dizer isso”.
O apelo para que o estado exerça uma política repressiva contra uma greve é inconfundivelmente uma política da direita, o apelo Gomes serviria para desmascará-lo diante dos incautos que ainda o creem de esquerda. Contudo a situação da greve dos policiais e a atuação de Cid Gomes e seu desfecho deixou a situação nublada para setores da esquerda nacional, uns apoiaram a greve dos policiais, outros a ação de Cid Gomes de tentar quebrar o piquete dos policiais, já que estaria supostamente lutando contra o fascismo.
O significado dos acontecimentos, porém, é outro. Somente compreendendo o significado real desses acontecimentos se pode adotar uma posição verdadeiramente de classe. E não se trata de algo complexo, mas simples, o que turva a visão clara é a campanha da direita. Policiais fizeram greve e se utilizaram de seus métodos, o Senador, já que sua família considera-se dona daquele Estado, como um ditador tentou quebrar o piquete feito pelos policiais pela violência e foi repelido com tiros, já que os grevistas em questão eram nada mais nada menos do que policiais militares, ou seja assassinos profissionais. Evidentemente que disputas políticas e territoriais entre setores da burguesia entram também em jogo.
Para uns por se tratar de policiais, a ação de Cid Gomes teria sido positiva e até heróica, quando não passou do método da direita e do fascismo de quebrar greves a força. Outros ainda mais desnorteados defenderam a greve dos policiais pedindo melhores condições de trabalho para os mesmos, ou seja melhores condições para reprimir e massacrar a população, uma defesa verdadeiramente repulsiva.
A única defesa verdadeiramente democrática está na defesa do direito de greve e de livre organização de todas as categorias, pois suprimidas para uma, suprimi-se paulatinamente para todas. Já as reivindicações concretas da Polícia devem não apenas rechaçadas como deve-se exigir a completa extinção desta instituição criminosa. De outro lado a ação de Cid Gomes é igualmente fascista, assim como a polícia, pois o que fez foi tentar quebrar um piquete pela força.
Estes elementos permitem compreender o real significado do apelo de Gomes que para além de querer usar o Estado nacional para combater seus inimigos políticos no Estado, também abre caminho a repressão às greves em geral e ao direito de greve em particular, será sobre estes que a repressão recairá e não nos oficiais e soldados fascistas da polícia, mas nós trabalhadores que quando estiverem de greve terão de enfrentar a repressão estatal e os métodos fascistas de quebrar a greve pela violência.