Em entrevista veiculada pelo portal ABC News nesta quarta-feira (17), o presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, acusou Vladmir Putin, presidente da Rússia, de ser um “assassino”. Ao ser perguntado pelo apresentador George Stephanopoulos se o líder máximo do imperialismo conheceria o presidente russo e se o considerava um assassino. Biden prontamente respondeu: “Eu considero”. Ambos discutiam, até então, um relatório dos serviços de inteligência dos EUA que fora divulgado na terça-feira anterior. O texto afirmava que o presidente russo teria supervisionado a interferência nas eleições presidenciais de 2020 nos EUA, na qual supostamente a reputação de Biden teria sofrido ataques.
Biden, então, afirmou que teria conversado, em uma ligação de telefônica em janeiro deste ano, com Putin e o avisado que retaliariam a atitude. “Ele vai pagar um preço. Tivemos uma longa conversa. Eu o conheço relativamente bem. Quando a conversa começou, eu disse ‘você me conhece, e eu te conheço; se eu decidir que isso aconteceu, então se prepare”, afirmou sem especificar qual seria a natureza da ação americana a ser adotada.
A reação dos russos às declarações de Biden veio logo em seguida. O presidente da Câmara de Deputados da Rússia, Viacheslav Volodin, disse que “Biden insultou os cidadãos de nosso país com sua declaração ” e que os ataques a Putin são “ataques ao nosso país”. O Kremlin rejeitou as conclusões do relatório de inteligência dos EUA sobre interferência nas eleições do ano passado, dizendo que elas são infundadas e que servem de pretexto para que o governo Biden aplique mais sanções contra a Rússia. O mesmo relatório aponta cinicamente que o Irã e, em menor escala, Cuba, Venezuela e o Hezbollah, também tentaram influenciar as eleições americanas de 2020.
Na quinta-feira (18), Vladimir Putin, ao responder as acusações de “não ter alma” e ser um “assassino” respondeu para Biden que “um se reconhece no outro”. “Lembro de minha infância, quando discutíamos no pátio costumávamos dizer ‘um se reconhece no outro’. E isto não é uma coincidência, não é só um ditado de crianças ou uma piada”, disse o presidente. “Sempre vemos nossos próprios traços em outras pessoas e achamos que elas são como nós somos, na verdade. E como resultado, avaliamos as atividades (de uma pessoa) e fazemos avaliações”.
Por se tratar de uma das acusações mais graves desde o período da Guerra Fria, a Rússia decidiu por convocar seu embaixador nos EUA para consultas urgentes sobre o futuro das relações entre os países. Pouco antes de Putin falar, o porta-voz do Kremlin disse que as falas de Biden demonstram que ele não tem interesse em consertar a relação com Moscou. “Estes são comentários muito ruins do presidente dos EUA. Ele mostra claramente que não quer melhorar as relações com nosso país”, afirmou Dmitry Peskov. “Agora prosseguiremos a partir disso.” disse Peskov aos repórteres, descrevendo o estado das relações bilaterais como “muito ruins”.
Se mostra no mínimo curiosa a acusação do presidente Americano se pararmos para analisar as relações internacionais dos EUA durante os últimos cinquenta anos. Os Estados Unidos da América é o principal articulador de golpes de estado do planeta terra. É mais fácil contar países que os EUA não interferiram politicamente do que os países no qual a soberania eles respeitaram. No Brasil, por exemplo, em 1968 fora realizada e articulada pelos EUA a “Operação Condor”, que chancelou e garantiu aos militares brasileiros da época a segurança necessária para manter os nossos mais de vinte anos de ditadura.
No caso de Joe Biden, mais recentemente, ao apontar Vladmir Putin como sendo um assassino, o faz com seus próprios dedos sujos de sangue. O presidente americano se esquece ou ignora sua própria falta de moral e, num ato insano de prepotência típica dos estadunidenses, deixa para trás seu legado de bombardeios à Somália neste ano, por exemplo. Apagam da memória as sanções econômicas que colocam o bravo povo venezuelano na miséria enquanto enviam milhões de dólares para a direita golpista nicaraguense. Estas, como recentes notícias, deixa mais evidente ainda o teto de vidro do “progressista” presidente norte-americano.
A memória curtíssima do governo americano os impede, coitados, de lembrar que nem três semanas atrás, sob as instruções do próprio homem com dedo em riste em direção à Rússia, as forças militares dos EUA realizaram ataques aéreos em infraestruturas usadas por grupos militares apoiados pelo Irã no leste da Síria. As famílias dos 17 mortos, que foram “consequências inevitáveis”, do ataque provavelmente não esquecerão jamais o começo deste ano.
Por fim, Konstantin Kosachyov, vice-presidente da câmara alta do Parlamento russo, disse que as colocações de Biden são inaceitáveis, que tensionarão os laços já ruins e que acabaram com qualquer esperança de Moscou em uma mudança das diretrizes dos EUA com um novo governo. O Imperialismo, desde sempre, ataca quem não lhe abaixa a cabeça e, caso isso não aconteça, cria mais e mais inimigos imaginários, estes quais a opinião pública acaba trazendo também para si como se inimigos pessoais fossem e se apresenta, posteriormente, como a solução para este problema que eles mesmos criaram.