“Esperamos que essa situação possa ser revertida rapidamente, e que a Cinemateca volte a estar nas condições que a instituição, seu magnÍfico património e as culturas brasileira, latino-americana e caribenha merece, diz o texto do Comitê Regional para a América Latina e Caribe do programa Memória do Mundo, da Unesco, que estimula e apoia a salvaguarda de documentos”. Diz texto publicado em uma nota em defesa da Cinemateca Brasileira pelo comitê. A instituição que enfrenta grave crise financeira, gera preocupação com danos que podem ser causados ao extraordinário acervo de caráter único e histórico, expressa também o texto.
Criada em 1956 pelo crítico Paulo Emílio Sales Gomes, a Cinemateca Brasileira, a quinta maior de todo o mundo, funciona como a memória audiovisual do País. Instalada em um prédio histórico no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, a instituição detém praticamente todo o acervo do cinema brasileiro, com mais de 250 mil rolos de filmes e um milhão de documentos. A Cinemateca está fechada desde o final do ano passado, quando o governo federal decidiu rescindir unilateralmente o contrato com a Roquette Pinto. O contrato tinha validade até março do próximo ano, segundo a fundação, que ainda tem milhões para receber por serviços prestados. Os funcionários da instituição ficaram boa parte de 2020 sem receber salários e a queda de braço entre a Acerp e o governo federal se agravou,
O passo seguinte foi demitir todos s funcionários da instituição, até aqueles que cuidavam da área mais delicada da Cinemateca: seu arquivo. Para Sabrina Fidalgo, cineasta, roteirista, atriz e produtora brasileira, o que acontece com a Cinemateca é “uma tragédia de proporções inimagináveis. Corremos o risco de perder a nossa memória. Qualquer país minimamente civilizado se importa com sua memória e a preserva. O Brasil é um país desenvolvido, principalmente no que diz respeito à cultura. Mas políticas como essa, do nosso atual governo, causam um subdesenvolvimento cultural inédito. Nunca antes a gente viu tanto descaso com nossa cultura.”
O negócio está tão feio, e vergonhoso, para o governo federal, claro, que o galpão que contém esses rolos fica isolado dos demais justamente para abrigar filmes com potencial inflamável. A estrutura não tem rede elétrica e as paredes não são conectadas com o teto para evitar propagação do fogo. A Cinemateca está fechada desde o final do ano passado, quando o desgoverno federal decidiu rescindir unilateralmente o contrato com a Roquette Pinto. O contrato tinha validade até março do próximo ano, segundo a fundação, que ainda tem milhões para receber por serviços prestados.
O secretário atual de cultura, o ator global Mário Frias, no tenebroso dia 7 de agosto de 2020, o secretário nacional do audiovisual substituto, Hélio Ferraz de Oliveira, apareceu na porta da Cinemateca escoltado pela Polícia Federal para pegar as chaves da instituição das mãos de Francisco Câmpera, diretor da Acerp. Após a fatídica cena, demitiram todos os funcionários da instituição, até aqueles que cuidavam da área mais delicada da Cinemateca: seu arquivo. Enfim, desde que esse governo ilegítimo e fascista de Bolsonaro assumiu, a cultura, a arte e nesse caso o cinema, definham.