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Demagogia genocida

“Cientista” Paes transforma Carnaval em crime, como na escravidão

Sob a alegação do combate ao coronavírus o prefeito do Rio aplica medidas autoritárias para criminalizar o lazer e o divertimento do povo.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), acaba de decretar a completa proibição de escolas de samba e de blocos de carnaval de saírem às ruas, seguindo exemplo já tomado em São Paulo por Doria e Bruno Covas. Esta medida será válida entre a meia noite do dia 12 de fevereiro e as 6 horas da manhã do dia 22 de fevereiro e seu descumprimento será considerado crime.

Anteriormente, Paes já havia determinado a suspensão do ponto facultativo na segunda-feira de carnaval, no dia 15 de fevereiro. O prefeito fez um acordo para que o comércio abra durante o feriado.

O decreto de Paes determinou que estão vedadas:

I – a ocorrência de concentrações e desfiles de agremiações e blocos carnavalescos, inclusive atividades recreativas que apresentem características comuns a blocos carnavalescos:

II – a concessão, pelos órgãos municipais competentes, de autorização para comércio ambulante temporário e de licenciamento transitório para a realização de quaisquer eventos de blocos carnavalescos:

III – a entrada de ônibus e demais veículos de fretamento no Município, exceto aqueles que prestem serviços regulares para funcionários de empresas ou para hotéis, cujos passageiros comprovem, neste caso, reserva de hospedagem.

É um decreto que visa reprimir que as pessoas saiam às ruas para se divertir, que suspende a autorização que a prefeitura normalmente distribuía aos ambulantes para venda de bebida no entorno do Sambódromo e que ônibus e outros veículos fretados estão proibidos de trazer pessoas para se divertirem com os blocos de rua no Rio de Janeiro.

A alegação de Paes é a de que as medidas são uma reação à notícia de que o Rio de Janeiro havia se tornado a cidade brasileira com o maior número de mortos pela pandemia do coronavírus, ultrapassando São Paulo.

A situação do coronavírus

Segundo dados do dia 4 de fevereiro, a cidade do Rio de Janeiro já contabilizava 17.535 mortes contra 17.491 de São Paulo. O total de mortes no estado do Rio de Janeiro é de 30.354 e em todo o Brasil, de mais de 229 mil óbitos. O número de mortes na cidade do Rio corresponde a 7,67% das mortes em todo o país. Este número é ainda mais impressionante quando se leva em consideração que a população do Rio de Janeiro é de 6,7 milhões de pessoas e em São Paulo, quase o dobro, com mais de 12 milhões.

Os bairros cariocas mais afetados são Campo Grande, Bangu, Tijuca, Copacabana, Realengo e Barra da Tijuca.

Estamos em um país onde a pandemia está completamente descontrolada e sem nenhuma esperança de diminuição, já que o governo Bolsonaro e os demais governos estaduais e municipais não têm nenhuma política real para contenção da doença. Este fato foi constatado por um estudo do Lowy Institute, um think tank localizado na Austrália, que classificou o Brasil no 98º lugar, a última colocação, em um ranking de países conforme a eficiência de sua luta contra o coronavírus. Nessa pesquisa a melhor colocação ficou com a Nova Zelândia, seguido por Vietnã, Taiwan, Tailândia e Chipre. Entre os piores, o Brasil tem a companhia de México e Estados Unidos.

Sem carnaval em São Paulo

Da mesma forma que Paes, o governador João Doria e o prefeito Bruno Covas também cancelaram o feriado de carnaval, também alegando a necessidade de “controle da pandemia”, mas ao mesmo tempo o governador pretende fazer a volta às aulas na segunda-feira de carnaval, dia 15. Em São Paulo também os desfiles de escolas de samba e blocos foram cancelados e o comércio vai permanecer funcionando.

Mesmo no auge da pandemia o estado de São Paulo passou agora para da fase laranja para a fase amarela, o que significa que os bares podem funcionar até as 20 horas e os restaurantes até as 22 horas, com limite de ocupação de 40% dos estabelecimentos e venda de bebida alcoólica somente até as 20 horas. Anteriormente, na fase laranja, os bares estavam proibidos de funcionar com atendimento presencial e os restaurantes tinham que fechar às 20 horas.

O povo é escravo

As atitudes destes governadores mostram muito bem qual é a política que estão seguindo: colocar a culpa no povo, que segundo eles não é capaz de seguir as regras de distanciamento social, de quarentena, etc. e fica aí se divertindo em festas, bebendo nos bares, comendo nos restaurantes, passeando na praia ou se divertindo no carnaval. Como se sabe quarentena é coisa que muito poucos podem se dar ao luxo de seguir, apenas uma parcela da classe média que pode trabalhar em casa. A grande maioria do povo nunca deixou de trabalhar.

O que os capitalistas nunca falam é sobre o trabalho diário de toda essa gente. Que eles são obrigados a trabalhar todos os dias, muitas vezes sem nenhum dia de descanso, tendo que tomar ônibus, metrô, trem ou o BRT no Rio de Janeiro, veículos que estão sempre completamente lotados, além de muitos terem que trabalhar em ambientes comerciais repletos de aglomeração. Para estes governadores “científicos” isso é completamente natural e para os capitalistas é evidente que quanto menos feriados mais lucros.

Com a volta às aulas, milhares de pessoas se juntarão a essa rotina diária, aumentando exponencialmente o risco do contágio. Tudo isso apenas para o maior lucro dos capitalistas, que já julgaram que a população é totalmente dispensável.

A estimativa é que a volta às aulas envolva um total de 13 milhões de pessoas, entre estudantes, professores, trabalhadores da área, além de outros trabalhadores de setores adjacentes, como transportes, alimentação, serviços e comércio. Seria algo em torno de 32% da população do estado.

Como não tem nenhuma outra política para combater o coronavírus, os governadores “científicos” apelam para a sua política favorita, a repressão. Paes já avisou que usará da força policial para reprimir os blocos de carnaval que surjam espontaneamente. Se tiver carro de som, já está autorizado o uso da força para calá-lo. Em outra entrevista, Paes avisou à população para não comprar ingressos para festas nestas datas. “Não comprem ingressos! Vocês têm uma enorme possibilidade de perder o dinheiro que vão gastar comprando esses ingressos. Essas festas não vão acontecer”, ameaçou ele. O prefeito disse estar monitorando as redes sociais para saber onde devem acontecer esses eventos e que vai processar as plataformas de vendas de ingressos.

Não podemos nos esquecer que o carnaval sempre foi uma atividade apenas tolerada pela burguesia. Na verdade, o carnaval sempre foi perseguido pela direita. Com a pandemia isso só se explicitou e ficou fácil para os governadores arranjarem uma desculpa para proibi-lo. Podemos lembrar o caso do prefeito anterior do Rio, Marcelo Crivella, que em 2019, suspendeu as subvenções das escolas de samba pela prefeitura. Outro exemplo é a constante repressão dos foliões pela Polícia Militar, que no ano passado atingiu o seu auge de violência. Em apenas um episódio a PM, sob a desculpa de contenção de uma briga, colocou 1,2 milhão de pessoas para correr sob uma chuva de bombas de gás e colocando mais de mil pessoas na cadeia.

É necessário se posicionar contra este cerceamento da liberdade do povo. Se uma pessoa tem que trabalhar, ela pode muito bem se divertir. Usar da repressão para impedir o lazer das pessoas é uma atitude nazista que mostra que a direita considera o povo os seus escravos.

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