Nos últimos dias, diversas iniciativas por parte do governo federal alemão, comandado pela conservadora Angela Merkel, integrante da União Democrata-Cristã, estão pondo fim ao isolamento social. Segundo divulgado pela imprensa local, até mesmo as práticas esportivas coletivas estão sendo liberadas. Embora Merkel tenha decidido distribuir o peso da medida entre os governos estaduais, que receberam a autonomia de regulamentar a maneira como essas práticas serão reiniciadas, o fato é que não há limites definidos para a abertura.
Em praticamente todos os estados alemães, as academias e centros de dança estão sendo reabertos. Os locais estão sendo obrigados a tomar várias medidas especiais, como a proibição de que haja duas pessoas em um espaço de sete metros quadrados e a obrigatoriedade de que os usuários lavem as mãos ao entrar e ai sair das academias. Ao que se sabe, não há nenhuma regra que determine claramente o papel das academias de desinfetar os ambientes.
O retorno de atividades como essas, que já extrapolam, em muito a categoria de serviços essenciais, põe à prova o fato de que a política do governo alemão é a de liquidar completamente o isolamento social. Isso, por sua vez, se dá em um momento em que há muita indefinição sobre o futuro da pandemia de coronavírus. Em várias partes do mundo, como no Brasil, centenas de pessoas estão morrendo diariamente por causa da doença. Além disso, vários dados têm apontado para a possibilidade de uma segunda onda da doença acometer, sobretudo, a China, a Coreia do Sul e a própria Alemanha!
A flexibilização da quarentena — que, na verdade, nunca foi completamente implementada em lugar algum do mundo — mostra, mais uma vez, que os governos em todo o mundo estão sob pressão dos capitalistas para destruírem qualquer medida que vá de encontro a seus interesses. Não fosse assim, o governo alemão não estaria arriscando seu povo a ser vitimado por uma segunda onda da doença.
Chama bastante atenção o caso da Alemanha porque a imprensa capitalista mundial, sendo apoiada por vários setores da esquerda pequeno-burguesa, vinham atribuindo uma série de elogios a Merkel, que seria uma “grande estadista”, uma “cientista” e, como não poderia deixar de ser, “responsável”. Sua política, no entanto, não mostra nada disso: a Alemanha teve 7.792 mortes, algo em torno de 0,01% de toda a sua população, e já está declarando o fim do isolamento social. Enquanto isso, a Venezuela, que não recebe o mesmo tratamento por parte da imprensa e da esquerda pequeno-burguesa, teve apenas 10 mortes, algo em torno de 0,00004% de seu povo.