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Fascistas em pele de cordeiro

Cidades médias mostram: é falsa a ideia da “derrota do fascismo”

Com a vitória do “centrão” – mais propriamente a ala direitista dos partidos da direita tradicional, o que se operou foi uma mudança na aparência do regime, mantendo-se o conteúdo.

Diferente do que aponta boa parte da esquerda, as eleições não promoveram nenhum tipo de vitória contra o fascismo. Com a vitória do “centrão” – mais propriamente a ala direitista dos partidos da direita tradicional, o que se operou foi uma mudança na aparência do regime, mantendo-se o conteúdo. Esse, pois, foi o resultado direto das eleições mais controladas dos últimos tempos, cuja função foi alçar ao poder executivo os golpistas que participaram ativamente da derrubada do governo de Dilma Rousseff em 2016, preservando-se o programa de Bolsonaro e seus acólitos.

Segundo matéria publicada nesta segunda-feira, 14, no jornal Folha de S. Paulo, “o resultado das urnas na eleição municipal deste ano aponta para uma predominância de prefeitos com viés bolsonarista em cidades médias do país”. Ainda segundo a matéria, “são prefeitos filiados a partidos de centro-direita, como MDB, DEM, PSD e PL, mas que fizeram campanha fortemente aparados por movimentos conservadores e pastores de igrejas neopetencostais (sic)”. Mesmo não tendo recebido apoio do presidente fascista, “fazem elogios públicos a Bolsonaro e mimetizam seu discurso de defesa da família, combate à violência e crítica aos partidos de esquerda. Em alguns casos, transformaram a eleição em uma espécie de luta do bem contra o mal”.

Casos como o de Jânio Natal (PL), recém eleito prefeito de Porto Seguro, Bahia, através da coligação “Aliança do Bem”, representam claramente o significado das eleições. Seria essa a direita civilizada? Ora, deixemos que o prefeito nos responda. “Concordo com muitas ações do presidente, mas acho que ele às vezes passa do ponto. Mas entre os esquerdistas e Bolsonaro, sem dúvida prefiro as ideias do presidente [grifo nosso]” – disse em entrevista à Folha de S. Paulo.

Herzem Gusmão (MDB), reeleito prefeito de Vitória da Conquista, Bahia, em disputa contra o ex-prefeito Zé Raimundo (PT), não deixa nada a desejar à extrema-direita. Na ânsia de abrir o comércio e exortar os trabalhadores aos riscos de contaminação do novo coronavírus, defendeu com unhas e dentes o uso de medicamentos sem a menor comprovação científica. Aliado de Roberto Jefferson (PTB), preserva as mesmas considerações que seu amigo. Segundo Jefferson, Gusmão é defensor “da pátria, família, Deus e liberdade” contra “os ateus, marxistas e comunistas ligados a tudo que é satanismo”. Malgrado o discurso abertamente fascista de Jefferson, segundo Gusmão, “aqui em Conquista, ele [Jefferson] não será só honrado. Aqui ele será abençoado por Deus. É uma cidade que ora por ele”.

Em Campina Grande, Paraíba; em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco; em Petrolina, também em Pernambuco; em Caucaia, segunda maior cidade do Ceará; em Ipatinga, Minas Gerais; em São Gonçalo, Rio de Janeiro etc., os vencedores destacam-se por não diferirem em nada de Bolsonaro, assim como os casos citados anteriormente. Embora sejam de partidos considerados do “centrão”, os prefeitos eleitos dessas cidades são da ala mais direitista, isto é , elementos dos partidos mais à direita do centrão ou elementos de extrema-direita de partidos de centro. Não por acaso, o perfil desses prefeitos é tipicamente bolsonarista, defendem o fortalecimento do aparato de repressão, são conservadores, adotam discursos de características fascistas estigmatizando a esquerda etc., mesmo que eles não sejam considerados oficialmente bolsonaristas.

Passado o frenesi da esquerda em torno de uma suposta reversão do quadro político através das eleições, o que se vê é o reposicionamento do centrão com seu destacamento ainda mais direitista à frente, denotando a inflexibilidade da burguesia quanto a qualquer tipo de administração reformista. Contudo, isso comprova o que o PCO disse: a direita tradicional foi a grande vencedora das eleições, mas, todavia, com um destaque – ela evoluiu ainda mais à direita. Daí a total falsidade da interpretação da esquerda, baseada na propaganda da imprensa capitalista, de que o bolsonarismo tenha sido o grande derrotado nas eleições.

Com postura inequívoca, esses elementos representam os setores mais vociferantes da burguesia, adotam com extrema facilidade os métodos bolsonaristas. No curso dos acontecimentos, tendem à deslocar-se mais à direita, contribuindo, invariavelmente, com o recrudescimento da extrema-direita; são cavalos de batalha da direita rumo ao fascismo, embora casualmente marchem com o estandarte da direita tradicional. Sob a sombra da extrema-direita, avançam nos ataques aos direitos democráticos da população, utilizando-se, nos mais variados casos, de propaganda insidiosa e ataques impetuosos.

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