Com o objetivo de aprofundar a cooperação entre as Marinhas, o Ministério da Defesa chinês anunciou nesta quinta (26), que China, Irã e Rússia farão, em conjunto, exercícios navais no Oceano Índico e no Mar de Omã, com início já na sexta-feira (27), pretendendo seguir com manobras até a próxima segunda-feira (30).
O golfo de Omã é um local sensível por ser uma ligação com o estreito de Ormuz, alvo de recente crise entre os Estados Unidos, Irã e Reino Unido.
Segundo o porta-voz do ministério, Wu Qian, a China enviará o Xining, um destroyer de mísseis teleguiados. O exercício é “uma interação militar normal” entres as três Forças Armadas e está alinhado com a lei e as práticas internacionais, disse Wu.”Ele não está necessariamente conectado com a situação regional”,afirmou Wu, sem entrar em detalhes.
Por ser uma ligação com o estreito de Ormuz, o golfo de Omã é um local sensível, tendo sido alvo de recente crise entre os Estados Unidos, Irã e Reino Unido, quando as tensões cresceram no golfo Pérsico após o Irã capturar um petroleiro britânico, acusando sua tripulação de violar as regras de navegação. Semanas antes, um navio-tanque iraniano havia sido detido em Gibraltar sob a acusação de quebrar sanções contra a Síria.
O canal é um ponto frequente de conflito e já provocou tensão na relação com os EUA em anos anteriores, o que acabou deteriorando as relações entre os EUA e o Irã, agravadas desde abril/2019, quando os EUA voltaram a impor sanções ao país, proibindo efetivamente todas as exportações de petróleo iranianas.
As receitas obtidas com a venda de petróleo são vitais para a economia do Irã. Desde a volta das sanções dos EUA, as exportações iranianas do recurso caíram de 2,5 milhões de barris por dia para 800 mil.
Em 2018, os EUA anunciaram a saída do acordo nuclear assinado com o Irã três anos antes e determinaram a aplicação de novas restrições ao país. As medidas afetavam principalmente o setor energético e bancário.
À época, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, advertiu então que seu país poderia suspender o comércio pelo Estreito de Ormuz. Desde então, o potencial bloqueio do estreito ronda o Golfo Pérsico como um fantasma, e há o temor de que a escalada de tensão na região aumente.
De acordo com Richard Baffa, especialista em Irã da RAND Corporation, think tank (centro de pesquisa e debate) ligado às Forças Armadas americanas, cerca de 17,5 milhões de barris de petróleo bruto passam por ali todos os dias.
“O Golfo Pérsico é a principal zona de produção de petróleo do mundo. E Ormuz é o principal lugar no mundo por onde escoa o petróleo que é consumido em outros países.”
Para o Irã, diz ele, isso é uma vantagem estratégica. “O Irã domina esse estreito geograficamente e também tem a marinha mais forte atuando na região, à exceção da americana”, explica.
Por isso, as ameaças de fechamento feitas por Rouhani deixaram a comunidade internacional em alerta.
O especialista diz que uma situação semelhante ocorreu no fim da década de 1980, quando o Estreito foi fechado durante a guerra entre Irã e Iraque, o que culminou com uma operação do Comando Central militar dos EUA
Para evitar um bloqueio dessa natureza, a Marinha americana reativou, em 1995, sua Quinta Frota para vigiar as águas do Golfo Pérsico. Desde então, foram feitas sucessivas ameaças de fechar o estreito – em 2011, 2012 e 2016, quase sempre associadas à aprovação de sanções a Teerã por parte de Washington.
Irã é o ponto central de toda crise do Oriente Médio. Mesmo sendo um maiores países do Oriente Médio, não é um país árabe, aliás, é uma civilização muito mais antiga do que os árabes, os antigos persas.
Com um longo histórico de ser o centro de diversas crises políticas no Oriente Médio, principalmente por não abaixarem a cabeça para os EUA, como provou a Revolução Iraniana em 1979, quando os representantes do imperialismo foram derrubados, manobra que rendeu um período de choque com o imperialismo, principalmente o norte-americano, até hoje.
Os dois países mais importantes do Oriente Médio são o Irã e a Arábia Saudita, sendo esse, assim como Israel, frequentemente usada pelo imperialismo norte americano para ataques ao Irã, numa tentativa de desestabilizá-lo, e à qualquer empenho que faça de união dos países na região contra o controle contra o seu controle.
A Rússia, a exemplo do que acontecia na guerra fria, hoje se soma aos esforços também da China, e contrabalançam a ofensiva do imperialismo norte americano de atacar o Irã e dominar o Estreito de Omã, o que lhe daria uma vantagem estratégica importante sobre o controle energético no mundo, e um novo fôlego para suportar a enorme crise do capital.