Da redação – A China denunciou a detenção de Meng Wanzhou, executiva da empresa de tecnologia Huawei no Canadá, no último sábado (01), a mando dos Estados Unidos.
Em editorial, o jornal Global Times (vinculado à imprensa oficial do Partido Comunista da China) afirma que “obviamente Washington está recorrendo a uma aproximação trapaceira desprezível uma vez que não pode parar o avanço da [conexão de Internet] 5G da Huawei no mercado”.
O veículo faz severas críticas à detenção da empresária, denunciando que os EUA agem para acabar com a competição da companhia chinesa com as empresas norte-americanas, beneficiando essas últimas. “O incidente mostra que a China enfrenta uma competição complicada com os EUA. Pequim precisa de determinação e sabedoria para salvaguardar seus próprios interesses”, diz o texto.
Tal fato prova, mais uma vez, que no sistema capitalista dos últimos cem anos (o imperialismo) não existe livre-concorrência. Isso não passa de um mito. O que existe é o monopólio da economia mundial pelas potências imperialistas e qualquer um que queira romper esse monopólio será brutalmente atacado, como está ocorrendo com a China e, em específico, nesse caso da Huawei.
Tão grave é esse fato, que as principais bolsas de valores do mundo terminaram o dia de ontem em queda e um dos principais índices, a Dow Jones, chegou a cair 700 pontos nessa quinta-feira (06). A detenção de Meng, como foi apontado pelo Global Times, contradiz o consenso acordado entre Donald Trump e Xi Jinping em encontro durante a cúpula do G20, na última semana na Argentina, no qual estabeleceram uma trégua na guerra comercial travada entre os dois países, obviamente sempre prejudicando o lado mais fraco.
Esse tipo de método escancarado de utilizar a lei norte-americana para perseguir empresas de países atrasados para que não possam competir com os monopólios imperialistas é utilizado em todo o mundo. Meng foi acusada de violar as sanções contra o Irã (que, por sua vez, já são outra forma de pressão do imperialismo a países que não se alinham completamente a suas políticas). Ao mesmo tempo, o imperialismo pune o Irã e a China, dois de seus maiores inimigos na atualidade.
No Brasil, como parte do golpe de Estado, um dos principais mecanismos de desestabilização e saque do País tem sido justamente a punição a empresas nacionais por tentarem competir e abocanhar uma parcela do mercado tradicionalmente destinada aos monopólios imperialistas.
Exemplo disso é a Odebrecht, uma das principais construtoras do mundo, que ganhou projeção internacional no governo Lula ao realizar grandes projetos nos países atrasados (especialmente na África e na América Latina) e incomodar os interesses e lucros das grandes companhias. Logo, a Odebrecht foi destruída com a Operação Lava Jato, criada pelo governo dos Estados Unidos. Os governos que fizeram grandes acordos com ela, como o próprio governo do PT, mas também do Equador, do Peru e da Venezuela, ou tiveram seus presidentes perseguidos judicialmente com mandado de prisão (como o presidente do Equador, Rafael Correa, e do presidente do Peru, Alan García) ou têm sofrido uma férrea tentativa de golpe de Estado violento (como no caso da Venezuela de Nicolás Maduro).