Os protestos no Chile ocorrem desde o dia 18 de outubro. A gota d’água que desencadeou a mobilização foi o aumento da passagem do metrô no horários de pico; hoje, passados mais de um mês de mobilizações, a palavra que mais se escuta nas ruas é “fora Piñera”.
O governo neoliberal não pensou duas vezes e decretou estado de exceção no país, desencadeando uma enorme repressão dos carabineiros (polícia chilena) com os manifestantes e a população civil no geral.
Os mortos já somam cerca de 24 pessoas, nem os mais novos foram poupados. As denúncias de abusos sexuais por parte dos policiais também vem crescendo: cerca de 79 mulheres já denunciaram violência sexual das autoridades. Ainda podemos citar os milhares de feridos e detidos e até denúncias de torturas sofridas pelos chilenos.
Parece que, desde então, os carabineiros têm seguido um padrão de mirar suas balas nos olhos das pessoas. Já foram cerca 230 pessoas parcialmente cegadas por tiros da polícia — é evidente que a composição das balas “não colabora”: segundo um estudo da Universidade do Chile, a “bala de borracha” têm 20% de borracha, sendo o restante uma mistura de sílica, sulfato de bário e chumbo. Ainda segundo o relatório, o material tem a dureza de uma roda de skate.
No dia 8 de novembro, o estudante universitário Gustavo Gatica fotografava uma manifestação na Plaza Italia quando foi atingido pelas famosas “balas de borracha”. Gustavo foi diagnosticado com perda de visão completa, tendo o infortúnio de se tornar a primeira pessoa a ficar cega pelas ações dos carabineiros no Chile.
No dia 26 de novembro ocorreu mais uma greve geral. A última havia acontecido no dia 12 de novembro e teve a adesão de 91% dos trabalhadores do setor público e 60% dos trabalhadores do setor privado. As manifestações no país não cessaram nem quando o governo tentou recuar, muito pelo contrário, quanto mais reprimidos, mais os manifestantes saem às ruas.
O Chile ainda carrega uma forte herança da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), sendo a presença da política neoliberal ainda muito forte no país. Não são apenas os trabalhadores sofrem com essa política, com os salários baixos, aposentadorias ínfimas e desemprego, mas também os estudantes — que são o setor mais ativo nos protestos — que arcam com o alto preço dos transportes e com a falta de acesso à educação, uma vez que as universidades são particulares.
É claro que o combate ficaria menos injusto se a população estivesse armada. O armamento do povo é fator fundamental para o combate aos carabineiros e para a derrubada do governo neoliberal. O povo não deve recuar diante da repressão, mas sim continuar se mobilizando e levantando a palavra de ordem de fora Piñera!