A insurgência do povo chileno tem colocado em xeque a política de terra arrasada do imperialismo e de seu fiel representante. Sebastián Piñera, tem buscado levar a cartilha neoliberal às últimas consequências. Para isso, o aparato repressivo do Estado tem lhe conferido todo apoio necessário. O saldo de toda a brutalidade exercida pelo governo direitista do mandatário chileno tem dado profusas mostras do caráter ditatorial da “democracia burguesa”, sobretudo a tutelada pelo imperialismo. Afinal, quando há a necessidade de aprofundar as medidas mais agressivas contra o povo, a burguesia nunca hesita em utilizar os meios mais cruéis para garantir seus interesses.
Passado pouco mais de um mês desde o início das manifestações (18 outubro), os carabineros (política militar chilena) já contam com um extenso histórico de prisões arbitrárias, mortes, mutilações etc. As denúncias não param por aí, os policiais e as forças armadas estão sendo investigados por – pelo menos – mil casos de abusos, como: tortura e violência sexual. De acordo com a associação média do Chile, ao menos 230 pessoas perderam totalmente ou parcialmente a visão, decorrentes de balas de chumbo e/ou borracha disparada pelos militares que, claramente, miram no rosto dos manifestantes. Segundo estudo da Universidade do Chile, a “bala de borracha” têm 20% de borracha, sendo o restante uma mistura de sílica, sulfato de bário e chumbo. Ainda segundo o relatório – o material tem a dureza de uma roda de skate.
O caso tem promovido tanta indignação da população que, de acordo com a nova orientação da corporação, a partir de agora, as balas de borracha serão tratadas como munição letal, sendo, portanto, permitida em casos em que o policial se sinta ameaçado; ou seja, será utilizada utilizada ‘apenas’ “como uma medida extrema e exclusivamente para legítima defesa quando há perigo iminente de morte”. Todavia, embora a policia e as forças armadas tenham utilizado seus métodos fascistas contra o povo, a mobilização não tem dado trégua à Piñera e seus asseclas. Só no dia 25 de outubro cerca de 1,2 milhão de pessoas se reuniram nos arredores na praça Itália, na capital Santiago. A pressão é tão grande que o governo já disse que vai realizar um plebiscito para perguntar à população se o país deve elaborar uma nova Constituição; uma que substitua a Carta da época do ditador Augusto Pinochet.
Trata-se, porém, de uma medida fraudulenta, visto que fica aberta a brecha para continuar usando balas de borracha “se os policiais se sentirem ameaçados”. Em suma, sabemos que as munições letais e/ou tratadas como letais serão utilizadas sem nenhum escrúpulo assim que houver a necessidade de defender o governo direitista de Piñera – o qual está caindo de podre, assim como o neoliberalismo.