Mais de um Milhão nas ruas. Apesar do pedido de desculpas de Piñera
Mais de 1,2 milhão de chilenos foram às ruas, na sexta-feira, 25/10/2019, como noticiado pelo PODER360.
É o maior protesto em termos de quantidade de pessoas desde o final da ditadura de Pinochet em 1990, relato o jornal local El Mercurio.
Estudantes, aposentados, professores, funcionários públicos e membros dos serviços de saúde pública acolheram o chamado da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) e outras vinte organizações sociais, em meio ao estado de emergência e o toque de recolher, na pior revolta social no Chile em 30 anos.
Da guerra ao perdão
Em meio à indignação popular que parece longe de ser aplacada, Piñera pediu “perdão” na noite de 22/10/2019, e reconheceu sua “falta de visão”.
Dois dias antes, Piñera sobressaltado, proclamava que o país estaria “em guerra”.
Agora em grande reviravolta, humilde, o presidente pede perdão.
Para mostrar que agora mudou, um pacote de melhorias para os chilenos o presidente acena, melhores aposentadorias para os mais pobres, cancelamento do aumento de 9,2% das contas de luz. Revogação do aumento de 3,75% das passagens do metrô. Governo ainda, passaria a complementar o salário mínimo.
As organizações sociais querem mais. Querem que o governo suspenda o estado de emergência e “devolva os militares a seus quartéis”, junto com históricos pedidos por melhorias nas aposentadorias, mais recursos para a saúde e a educação pública.
O aumento da tarifa do metrô, 3,75% foi a fagulha que incendiou o Chile.
Mesmo após o cancelamento do aumento da passagem de metrô, Chilenos conflagrados não mais acreditam no seu presidente.
“Achei uma piada. Ele acha que com isso vai acalmar o povo? Não, não vai acalmar, isso vai continuar, porque não vamos continuar calados”, disse à AFP, Ximena Gutiérrez.
“Ele (Piñera) sempre foi mentiroso para dizer as coisas, e agora que tem um problema, está pedindo perdão”, afirma Carlos Morales, de 23 anos.
Um estudo divulgado pela empresa Ipsos, indica que 67% dos entrevistados “se cansaram de suas condições de vida em matéria econômica, de saúde e aposentadorias”.
Brutal repressão
Além de reivindicar uma nova constituinte, as organizações que integram o Unidad Social exigem o fim das incursões militares nas ruas do país, que já culminaram em uma série de violações dos direitos humanos.
Entidades de defesa dos direitos humanos do país estimam que o número de mortos nos protestos é bem maior do que as divulgações oficiais, assim como o número de desaparecidos, que ultrapassa 100 casos.
Organização de grande credibilidade no país andino, o Colégio Médico, que corresponde ao Conselho Federal de Medicina no Brasil, informou que mais de 100 pessoas teriam perdido um olho durante os conflitos sob disparos de balas de borrachas desferidos pelos Carabineiros e militares.
“Nossa ação continuará até que uma profunda transformação do sistema atual seja alcançada”, diz o documento aprovado na ocasião da organização do ato que culminou em frente a La Moneda.
As organizações que assinam o manifesto ainda questionam o “modelo neoliberal abusivo que transforma nossos direitos sociais em oportunidades para negócios lucrativos”.
Nem após a reformulação do seu ministério, diante da convulsão social que toma conta de seu país há mais de uma semana, o povo chileno não está deixando as ruas.
Fora Bolsonaro no Brasil. Fora Piñera no Chile
Os sindicalistas exigem que se instaure uma agenda social desenvolvida junto às organizações de base. “Que haja uma mudança radical de nossa institucionalidade política, que está sendo questionada, Constituinte passa a ser outra reivindicação que se impôe.
Ato realizado no parque O’Higgins, dia 29 convocou greve nacional para esta quarta, 30.
Manifestantes passaram a exigir Assembleia Constituinte, reporta Marcelo Menna Barreto, jornal EXTRA.
“Nos cansamos, nos juntamos”, foi a palavra de ordem da convocação para esse 29 de outubro.
“Isso não acabou”. “O Chile não desiste”, foram outras expressões usadas pelos milhares de manifestantes.
Política colocada pelas massas nas ruas é derrubar o governo imediatamente. Esse é o caminho, e qualquer coisa menos do que isso seria uma derrota para o movimento. Tal como no Brasil, palavra de ordem que se impõe é Fora Bolsonaro aqui, Fora Piñeda lá.