De acordo com os dados divulgados Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile no dia 1º de novembro, ao menos 1,3 mil manifestantes foram atendidos nos hospitais chilenos nas últimas semanas. Ao menos 146 pessoas tiveram alguma lesão no olho, das quais 26 perderam completamente a visão.
Segundo especialistas, o número altíssimo de lesões, em especial nos olhos, aponta para o uso excessivo de balas de borracha, em geral atiradas a curta distância. Isso, contudo, não é nenhuma novidade: o próprio ministro da Justiça chileno, Hernán Larraín, admitiu possíveis violações de direitos humanos por parte de forças de segurança que atuaram nos protestos contra a política neoliberal do governo de Sebastián Piñera.
O número de vítimas da repressão empenhada pela polícia e pelo Exército chilenos ajuda a apontar o cenário em que se encontra a situação política no país andino. Há mais de duas semanas, os jovens e trabalhadores do Chile vêm protestando contra a política do governo Piñera – protestos esses que tiveram como estopim o aumento nas tarifas do transporte público. As mobilizações cresceram e, mesmo com o recuo do governo em relação à questão das tarifas, os chilenos continuam nas ruas exigindo a derrubada do governo de Sebastián Piñera, capacho do imperialismo.
Os levantes no Chile, por sua vez, coincidem com uma série de revoltas que estão acontecendo na América Latina de conjunto: no Haiti, no Equador, em Honduras e em Porto Rico, o povo tem saído às ruas para enfrentar a direita golpista, que está devastando o continente. As revoltas são inevitáveis, e deverão acontecer em todos os países em que a direita vêm aplicando a política neoliberal, incluindo o Brasil. Por isso, a contrapartida das tendências cada vz mais explosivas do povo latino-americano tem sido o endurecimento da repressão.
No Equador, o governo golpista declarou estado de emergência para tentar controlar os levantes. no Uruguai, a direita tentou aprovar um plebiscito que aumentava enormemente o poder dos militares no regime. E o mesmo vem acontecendo no Chile, que não só decretou estado de emergência em resposta aos protestos, mas também tem agido com a mais brutal repressão.