Desde a quinta-feira da semana passada, 17 de outubro, o Chile está sob a agitação de uma convulsão social contra o governo neoliberal do presidente Sebastián Piñera. O estopim foi o quinto aumento das passagens em menos de dois anos. Os protestos, porém, logo se desenvolveram e adotaram um amplo programa político e nacional que visa derrubar o atual governo e reverter décadas de política neoliberal. Quarta e quinta-feira a CUT chilena realizou uma greve geral que parou o país com a exigência de realização de uma Assembleia Nacional Constituinte.
A resposta autoritária
Como já ficou demonstrado no Equador, a direita não está disposta a ceder terreno dessa vez. A resposta de Piñera às manifestações foi decretar um estado de emergência e impor toque de recolher na capital, Santiago, e em diversas outras cidades. Piñera colocou as Forças armadas para reprimir a população, o que não acontecia desde o final da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990. Apesar de toda essa repressão, os protestos só aumentam e se radicalizam, com a população desafiando a repressão e o toque de recolher.
Na terça-feira (22), Piñera anunciou medidas sociais para tentar conter as manifestações. Mas isso também não adiantou, e os protestos continuaram crescendo. Além da Assembleia Constituinte, a cUT chilena também exige que seja suspenso o estado de emergência.
Invasão do Congresso
Na sexta-feira (25), mostrando a radicalização das manifestações, um grupo de pessoas tentou invadir a Câmara dos Deputados, que junto com o Senado chileno forma o Congresso Nacional, que fica em Valparaíso. A polícia dispersou o grupo usando bombas de gás e canhões de água. A tentativa de invasão do Congresso por setores da população demonstra que a revolta popular no Chile vai muito além de simplesmente reivindicar pautas econômicas, mas se volta diretamente contra as instituições e o governo.
Uma etapa de enfrentamento
A revolta no Chile é a mais recente de uma série de movimentações contra governos neoliberais de direita em todo o continente. Revoltas assim já tinham explodido no Haiti, Porto Rico, Honduras e, recentemente, no Equador. Todos esses acontecimentos indicam uma nova etapa de confronto que está se abrindo entre os povos da América Latina e os capachos do imperialismo que estão governando a região. A direita já deixou claro que não está disposta a ceder terreno. A população, de sua parte, está dando indicações em vários países de que não aceitará a continuidade dos ataques neoliberais às suas condições de vida.