A crise econômica do capitalismo está levando ao acirramento da luta de classes e à polarização política em todos os cantos do globo terrestre. Nem mesmo Portugal, em que a esquerda pequeno-burguesa deposita muita esperança por conta do caráter de seu governo, escapa à regra. É assim que o partido fascista “Chega” tem crescido nos últimos anos e principalmente durante a pandemia do coronavírus.
Para se ter uma ideia do crescimento do partido, nas últimas eleições legislativas, em 2019, o Chega conseguiu colocar um deputado no parlamento português, justamente o líder do partido, André Ventura. Já em março, o partido chegava a um índice de intenções de voto de 8,1%. Caso as eleições se dessem naquele período, o Chega estaria brigando com o Bloco de Esquerda pelo posto de terceiro partido com mais deputados.
O partido também disse que lançará um candidato para as eleições presidenciais no próximo ano. As sondagens atuais para a presidências indicam a reeleição de Marcelo Rebelo de Souza, com 58% das intenções de votos, porém, com uma queda de 10% em relação à última pesquisa. Já ventura aparece em segundo lugar, com 9,3%.
Apesar da distância, a burguesia pode optar pela candidatura de Ventura para conter a crise política. Os próprios meios de comunicação da burguesia portuguesa, como os jornais Público, Observador e Expresso têm expressado de maneira mais ou menos tímida seu apoio ao partido, o que pode levar a um crescimento maior no país.
Como medida contrária ao crescimento do fascismo no país, a esquerda partiu de um período de negação de que o fascismo poderia florescer novamente nas terras lusas – com declarações de Jerônimo dos Santos, secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) dizendo que não daria nenhuma declaração sobre o assunto para não fazer propaganda para os facistas – para um período de desespero.
Esse período de desespero político, típico da esquerda pequeno-burguesa, levou à realização de uma petição pedindo a cassação do registro do partido. Segundo a petição, o Chega descumpriria as leis portuguesas que determinam que não exista partidos nem organizações racistas e fascistas em Portugal. O Chega se encaixaria com perfeição nas duas categorias, pois, além de fascista, o partido possui membros ligados à ataques a negros e imigrantes no país.
No entanto, a tentativa de cassar o registro do Chega em Portugal não passa de uma fantasia política. Assim como ocorreu no Brasil, em que a esquerda tentou utilizar a justiça para impedir que Bolsonaro se candidatasse por conta de declarações homofóbicas e machistas, o caso português seguirá os mesmos rumos caso essa seja a política levada no país.
O fascismo é fruto direto do sistema judiciário e dos órgãos de repressão. É uma arma que o próprio estado burguês utiliza contra os trabalhadores quando a burguesia percebe que está perdendo o controle do regime político. Sendo assim, não é por meio dessa mesma justiça que os fascistas serão esmagados.
É preciso que a classe operária portuguesa se mobilize contra o fascismo e leve adiante uma política própria, caso contrário, a burguesia optará pelo regime fascista mais cedo ou mais tarde, devolvendo os anos de terror salazarista para os trabalhadores portugueses.