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Heranças do golpe de 2016

Chefe do científico MDB, Temer privatizou distribuição de vacinas

O processo de desmantelamento dos já insuficientes serviços públicos, impulsionado pelos governos pós-golpe de 2016, ganha contornos mais dramáticos em meio à pandemia de COVID-19.

Nesse momento em que abundam “opositores” a Bolsonaro, é importante desnudar os direitistas de sempre que procuram agora se fortalecer na disputa de poder com esse bloco político menos tradicional. Uma das brechas exploradas por esses espertos é o discurso anticientífico da extrema direita bolsonarista.

Basta se opor minimamente às bobagens propagadas pelo ilegítimo presidente para ser aclamado como um herói defensor da ciência. Até setores da esquerda compraram essa ilusão no começo da pandemia, depositando suas esperanças em figuras nefastas como João Doria (PSDB) e Wilson Witzel (PSC), fechando sindicatos e desmobilizando a resistência popular a esses governos.

O lastro “científico” dessa direita, no entanto, desmorona diante do seu próprio histórico. Um exemplo muito importante disso veio à tona na atual crise sanitária. O governo Temer, que herdou o Brasil pós-golpe de 2016, foi responsável pelo fechamento da Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos (CENADI). A ação foi coordenada pelo Ministro da Saúde de Temer e atual líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP).

A CENADI tinha mais de duas décadas de experiência em toda a logística envolvida na armazenagem, controle e distribuição das vacinas, soros, medicamentos, praguicidas, kits para diagnóstico laboratorial e outros insumos do Ministério da Saúde. Uma tarefa gigantesca, dadas as proporções do país e vital para a população brasileira.

A insistência de alguns grupos esquerdistas em caracterizar devidamente o golpe de estado que derrubou Dilma Rousseff, torna mais difícil para eles entender o padrão das medidas adotadas pelos governos federais desde então. Um dos aspectos centrais desses governos golpistas é a sanha privatista, agressiva e inconsequente. Esse é inclusive um dos alvos de críticas da direita “científica” ao governo atual, a morosidade na implementação de um programa privatista radical.

No lugar da CENADI, foi contratada a empresa de logística VTCLog, que faz parte do Grupo Voetur, que possui empresas de transporte, turismo e logística. Esse grupo teve o privilégio de monopolizar um setor estratégico fundamental para o Ministério da Saúde e lucrar alto com essa empreitada.

Os problemas vieram a tona justamente num momento bastante crítico, uma emergência sanitária com mais de 220 mil mortos no Brasil, levando-se em conta apenas os números oficiais, que estão longe de serem confiáveis. Uma série interminável de trapalhadas ganhou repercussão na imprensa burguesa, envolvendo entregas atrasadas, com itens errados e uma desorganização generalizada na comunicação.

Uma reportagem publicada na também golpista Folha de São Paulo expôs que um grupo de Whatsapp que reúne representantes dos estados e do Programa Nacional de Imunizações (PNI) está recheado de críticas ao serviço prestado pela VLCLog. Esse serviço custa cerca de R$100 milhões por ano, com contrato vigente até 2023.

Como acontece frequentemente nas privatizações, a ação é cercada de promessas de modernização, eficiência e economia para o estado. Na prática, ocorreu um corte radical no quadro de funcionários, incluindo especialistas, e redução nos investimento. As consequências são bastante previsíveis e quem está pagando por isso é a população brasileira, a maior atingida pelo golpe. A economia de recursos, inclusive, foi um dos “méritos” atribuídos a Ricardo Barros na sua gestão como Ministro da Saúde. Segundo sua página na Wikipédia, o próprio golpista afirmou ter “economizado” quase R$ 5 bilhões à frente do Ministério.

Economia em saúde pública para a direita significa não investir, não contratar profissionais e não comprar equipamentos e toda a gama de materiais necessários à manutenção dos serviços de saúde. Ricardo Barros ganhou destaque na época ao declarar que “os pacientes do SUS inventam ou imaginam doenças”, ou seja, para quê “gastar” dinheiro com isso?

Enquanto parte da esquerda entra no oba-oba à espera de uma vacina, erros recentes voltam a ser cometidos. João Dória voltou a ser científico a partir de uma campanha de propaganda em torno do tema da vacinação, mesmo sem apresentar ações concretas. E como revelado nas trapalhadas da VLCLog, se São Paulo vai mal os estados com menos recursos vão até pior.

Outro sinal que aponta para essa tendência de repetir os mesmos erros foi o apoio da esquerda parlamentar ao golpista Baleia Rossi (MDB). Mais uma demonstração da falta de aprendizado do próprio PT. Entre outros atributos negativos, Baleia Rossi tem como padrinho político ninguém menos do que Michel Temer, que fez campanha pelo apadrinhado paralelamente ao PT. Ou seja, para supostamente combater Bolsonaro vale até se unir diretamente aos envolvidos no processo golpista. Novamente, uma manobra confusa que prejudica a própria esquerda e joga contra o povo.

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