Na última quarta-feira (28), mais de cem mil psicólogos de todo o país participaram das eleições para a nova direção do Conselho Federal de Psicologia. A chapa “Frente em Defesa da Psicologia Brasileira”, que obteve mais de 40 mil votos, foi a vencedora da disputa. No entanto, chamou a atenção de todos a participação da chapa de extrema-direita “Movimento de Psicólogos em Ação”, que obteve 5.458 votos.
A chapa de extrema-direita, que ficou em último lugar nas eleições, é composta por supostos “ex-gays” e por apoiadores da liberação da “cura gay”. No último período, membros da chapa se encontraram com Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Bolsonaro, tendo em vista articular a liberação da “cura gay”.
O “Movimento de Psicólogos em Ação” não é uma iniciativa isolada da extrema-direita no sentido de tentar legalizar a chamada “cura gay” – isto é, reverter as resoluções do Conselho de Psicologia que proíbem que os psicólogos atendam homossexuais que queiram se tornar heterossexuais por meio da terapia. Em 2013, a bancada evangélica da Câmara dos Deputados, liderada pelo pastor Marco Feliciano, tentou legalizar a prática da “cura gay”.
As tentativas de derrubar resoluções do Conselho de Psicologia para tipificar a homossexualidade como doença faz parte de uma ofensiva da extrema-direita contra os direitos democráticos da população. Como os LGBTs não possuem uma organização forte como a classe operária, que conta com milhares de sindicatos, a burguesia procura atacar seus direitos para desenvolver um movimento de extrema-direita, que, caso se torne mais amplo, servirá para reprimir todos os setores que se colocarem de frente à política neoliberal.
Assim como o movimento contra o aborto, o movimento em torno da “cura gay” serve para organizar a extrema-direita – constituir movimentos, compor chapas, formar bancadas -, de modo a preparar um recurso indispensável para a burguesia: a formação de um uma milícia que use da violência para intimidar os trabalhadores.
A quantidade de votos da chapa mostra que a extrema-direita, ao contrário do que a imprensa burguesa e setores da esquerda nacional defendem, não é popular. O próprio presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que é de extrema-direita, só chegou ao poder por meio de uma fraude escandalosa – sua base social é imensamente restrita em comparação ao movimento operário e popular.
Embora impopular, a extrema-direita não deve, sob hipótese alguma, ser subestimada. Todo movimento de extrema-direita começa pequeno, desacreditado. Contudo, quando a burguesia entende que não tem outra opção a não ser impulsionar esses movimentos, eles crescem em uma velocidade espantosa. É preciso, portanto, combater, desde já, a ofensiva da direita contra os direitos democráticos da população. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!