Neste domingo (18) manifestantes saíram às ruas mais uma vez no Haiti. Desta vez a data coincidiu com a celebração do 215.º aniversário da Batalha de Vertières – considerada a última grande batalha da Segunda Guerra de Independência do Haiti – contra as tropas francesas, consolidando a independência do país.
Assim como na Nicarágua e na Venezuela, uma onda de protestos – cuja bandeira é a luta contra a corrupção – tem se insinuado sobre o país caribenho. Os acontecimentos ecoam o noticioso relatório do Parlamento haitiano publicado em 2017, o qual informara o envolvimento de ex-funcionários do Estado em supostas irregularidades no manejo de mais de US$ 2 bilhões do fundo do Petrocaribe – fundo iniciado pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez para equiparar o acesso ao petróleo entre os países da região. Em razão disto, nos últimos meses manifestantes os haitianos têm exigindo que o Estado investigue os responsáveis por tal desfalque. Ademais, os também reivindicam melhores condições de vida e acesso à saúde e educação.
O atual presidente Jovenel Moïse esteve presente no ato de comemoração de independência que aconteceu na capital Porto Príncipe, um dos focos dos manifestantes. Em razão de supostos envolvimentos levantados pelas investigações, desde outubro deste ano, o atual mandatário é substituto do chefe de Gabinete e do secretário-geral da Presidência, afastados dos respectivos cargos.
O atual momento haitiano não extrapola em nada a situação política internacional, visto que nos últimos 10 anos, uma série de golpes orquestrados pelos norte-americanos foram realizados no continente latino-americano. Com o avanço da crise do capitalismo, o imperialismo vem promovendo ingerências cada vez mais ferozes nos países atrasados. Nesse sentido, tudo indica mais uma intrusão norte-americana – seguindo o modelo do aparelhamento do judiciário sob o pretexto do combate à corrupção. Assim, o que se desvela no cenário haitiano é um golpe, cujo interesse maior consiste em sabotar a economia venezuelana atacando o Petrocaribe, uma aliança desenvolvida para o estímulo do comércio entre os países do Caribe e Venezuela.