Nos últimos 18 meses, a maior livraria virtual do planeta, a Amazon, baniu de seu catálogo dois livros de David Duke, um ex-líder da Ku Klux Klan e vários títulos de George Lincoln Rockwell, um dos fundadores do Partido Nazista norte-americano, bem como outros títulos de autores da extrema-direita. Além disso, também removeu suásticas do livro The Man in the High Castle: Creating the Alt World, que trata da série O Homem do Castelo Alto, a qual retrata uma ficção distópica em que os nazistas e os japoneses vencem a 2ª Guerra Mundial.
Isso já vinha sendo feito com outros produtos da loja, que ostentavam símbolos nazistas e relacionados com ideologias da extrema-direita, mas a proibição de livros é uma medida nova. Alguns livreiros cujos produtos estão à venda na página criticaram a medida por não haver um critério claro para a seleção de quais livros devem ser excluídos. Em contrapartida, instituições como o Museu de Auschwitz pressionam a empresa no sentido de excluir outros livros com teor nazista que ainda se encontram disponíveis.
É preciso se colocar contra essa medida da Amazon que nada mais é do que uma censura. Da mesma forma que um dos maiores representantes do monopólio capitalista pode impedir que material nazista ou fascista seja vendido em sua loja, também pode fazê-lo com produtos que estejam relacionados ao comunismo e ideologias de esquerda.
De fato, já houve uma tentativa nesse sentido. No ano de 2018, quando parlamentares europeus, liderados por representantes do governo lituano, emitiram uma carta exigindo que a Amazon retirasse de circulação produtos que contivessem símbolos da União Soviética, sob a justificativa de que este teria sido um “regime sanguinário” e que a venda desses produtos seria “falta de compaixão com milhões de cidadãos europeus que também são clientes da Amazon”. Nessa onda do anti-comunismo, lojas como o Walmart já retiraram os produtos com os símbolos do antigo estado operário.
A classe operária deve lutar contra a censura da Amazon, seja com referência à extrema-direita ou à esquerda e ao comunismo. Toda e qualquer retirada de direitos democráticos no estado capitalista, eventualmente se voltará contra o proletariado. Sobre isso, uma citação de Trótski:
“A teoria bem como a experiência histórica atestam que qualquer restrição a democracia na sociedade burguesa é em algum momento inevitavelmente dirigida contra o proletariado, da mesma maneira que impostos finalmente caíram sobre os ombros do proletariado”.