O dia 30 de maio foi mais um passo adiante na luta contra o governo Bolsonaro. A população foi às ruas contra o governo em uma segunda rodada de grandes manifestações nacionais contra o atual regime golpista, apesar disso, as direções tentam encobrir o fato de que trataram-se de mobilizações não somente contra os cortes na educação. Por essa razão, o Partido da Causa Operária sofreu um boicote e não conseguiu falar nos carros de som em alguns dos atos ocorridos nas cidades mais importantes do país.
Aconteceu em vários lugares, mas destaca-se o caso do Rio de Janeiro e de São Paulo. Ambas as cidades foram palco das maiores manifestações ocorridas na primeira rodada de manifestações do dia 15 de maio, não por acaso são os dois maiores centros urbanos do Brasil.
O Partido da Causa Operária levanta a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” desde o segundo turno da eleições de 2018, onde a fraude eleitoral deixou claro as intenções da burguesia, e desde então vê-se a consonância desta política com a indignação popular contra o governo. Não poderia ser diferente, este governo anunciava ser um flagelo para o Brasil desde antes da eleições.
As palavras de ordem contra o governo tomaram popularidade sobretudo depois do carnaval, quando o povo saiu às ruas mostrando de maneira animada o que achava de Bolsonaro e seus ministros. Desde então a repercussão e a reprodução de gritos contra Bolsonaro só vem aumentando nas manifestações ao passo que sua popularidade decresce de maneira recorde para um governo de apenas 6 meses.
Porém, as direções da esquerda ainda não conseguem representar a política popular, ao invés disso, apostam em acordos eleitorais para 2020 e 2022, e dialoga com boa parte do governo indesejado. Na verdade quem está pautando essas direções é o centrão, as oligarquias mais antigas da política brasileira.
É estranho constatar que a mesma esquerda que puxava o “Fora Temer” e “Diretas Já” há mais ou menos um ano, contra um governo que já estava de saída, agora se omite frente a um dos governos mais impopulares que o Brasil já conheceu. Embora as palavras estejam na boca do povo, as lideranças retrógradas da esquerda não ousam falá-las. O PCO, por levantá-las em todo lugar que está presente, e bater inexoravelmente nesta tecla, foi emudecido.
Enquanto em todas cidades os manifestantes corriam atrás dos adesivos “Fora Bolsonaro” como em água no deserto, em São Paulo os “organizadores” do ato enrolavam e “faziam cera” quando o PCO pedia a palavra no carro de som,, e no Rio de Janeiro as desculpas mais esfarrapas eram usadas para não deixar os companheiros do PCO levantarem as palavras de ordem do partido.
Primeiramente foi dito que haviam encerrado-se as inscrições, poder-se-ia crer lendo isto que os companheiros demoram e perderam a oportunidade, mas a passeata nem havia saído do lugar ainda. Quando o carro de som que saiu da Candelária chegou na Cinelândia, um dos oradores disse que estavam abertas novamente as inscrições para falar em cima do carro de som, porém mais uma vez, negaram a oportunidade para o PCO, sob a alegação de que era a vez da juventude se pronunciar. Quando foi enviado um militante mais novo, para representar a Aliança da Juventude Revolucionária, simplesmente não houve recepção, somente um guarda costas que deixava subir alguns fotógrafos e barrava a entrada e a comunicação com qualquer pessoa dentro do carro de som, enquanto algumas jovens lideranças da UNE, PCdoB e PSOL faziam de conta que não viam e não ouviam os pedidos para falar.
Falaram até a exaustão popular, todos os políticos parlamentares do PSOL presentes no ato, todos do PCdoB, PCB e PT. Vários representantes da UNE subiram no carro para repetir a mesma política vazia e demagógica. Ninguém levantou o Fora Bolsonaro, ninguém chamou por novas eleições ou pediu liberdade para Lula. Todos apenas prometeram ameaçar o governo se continuasse a mexer na educação. Basta saber o que mais Bolsonaro precisa destruir para entenderam que já passou de hora do povo tomar a situação em mãos.