Cerca de cem mil poloneses protestaram na última sexta-feira (30) contra o endurecimento de leis que restringe o aborto no país. Milhares de mulheres saíram às ruas desafiando o governo de extrema-direita e suas medidas restritivas de isolamento social, que limita a participação de no máximo cinco pessoas em reuniões públicas, para reivindicar o direito ao aborto.
A manifestação reuniu jovens e famílias com crianças, e uma grande parte dos manifestantes pedia a renúncia do governo polonês de Andrzej Duda, apoiado por Trump e Bolsonaro. Andrzej Duda também é contrário ao casamento homossexual e em 4 de julho de 2020, Duda propôs mudar a constituição para proibir os casais LGBT de adotarem filhos.
O protesto aconteceu em Varsóvia, nas ruas do centro da capital polonesa segurando cartazes com os dizeres “eu penso, eu sinto, eu decido”. As menifestações contrarias a retirada do direito ao aborto no país está acontecendo diariamente desde o dia da decisão (22). Grupos de extrema-direita também realizaram protesto, mas em manifestações bem menores.
Extrema-direita avança contra mulheres na Polônia
Os protestos começaram na semana passada quando o Tribunal constitucional da Polônia decidiu de forma ditatorial que a realização de abortos por anormalidade fetal viola a Constituição. Essa decisão bane totalmente o direito ao aborto no país, que possui algumas das leis abortivas mais rigorosas da Europa.
Antes da decisão, que é irrecorrível, a Polônia permitia abortos apenas por anomalias fetais, ameaça à saúde da mãe ou em caso de incesto ou estupro. A mesmas condições permitidas no Brasil.
Na Polônia cerca de 2 mil abortos legais eram realizados no país por ano, e a esmagadora maioria era por motivos de anormalidades fetais, razão vetada na nova lei.
“Eliminar as razões para quase todos os abortos legais é praticamente igual a bani-los e violar os direitos humanos”, afirmou a comissária para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Dunja Mijatovic. “Isso se traduz em abortos clandestinos ou no exterior para quem pode pagar e mais sofrimento para quem não pode.”
A Polônia, assim como o Brasil, possui um governo de extrema-direita e defensor de valores religiosos tradicionais. As mulheres do Brasil devem sair às ruas, assim como na Polônia, contra o governo de extrema-direita de Bolsonaro, caso contrário, o direito ao aborto no Brasil também corre o risco de ser banido da Constituição.