Ainda que algumas autoridades governamentais considerem que a pandemia da Covid esteja no seu final, quem gosta de futebol e acompanha as noticias relacionadas a esta paixão mundial foi surpreendido ao saber que o técnico multicampeão Vanderlei Luxemburgo estava internado no hospital Alberto Einstein devido ao agravamento do seu estado de saúde em razão desta doença. Uma vez que ele já tinha testado positivo em julho passado o que confirmava que alguém pode testa positivo para esta doença mais de uma vez e até num período relativamente curto e, portanto sem adquirir uma imunidade minimamente duradoura.
Em maio deste ano, quando alguns governadores científicos queriam promover o isolamento social para acalmar a classe média, os capitalistas estimulavam que os dirigentes de alguns principais clubes de futebol pressionassem as autoridades para o retorno das competições. Quem não se lembra do almoço dos presidentes do Flamengo e do Vasco com o presidente ilegítimo no Palácio do Planalto? Ou então as entrevistas de médicos ligados às confederações dizendo que os protocolos de segurança iriam garantir que os jogadores e os outros profissionais estariam aptos a realizar suas atividades sem problemas significativos?
Agora no fim de novembro, a Confederação de Brasileira de Futebol divulgou que 689 jogadores testaram positivos nas quatro séries nacionais o que representam uns 17 % dos aproximadamente 4000 jogadores que estão registrados nestas competições. Ótimo retrato da realidade nacional, uma vez que o Brasil no final de novembro já tinha tido mais de seis milhões de infectados e a pesquisa nacional organizada pela Universidade Federal de Pelotas, a Epicovid19-BR apontava que em junho somente um de cada sete pessoas infectadas era testada visto que em nenhum momento durante os vários níveis governamentais fizeram uma efetiva política da população. Tanto que sete milhões de testes (PCR-RT) estão perdendo a validade nos galpões do Ministério da Saúde. Um teste que custa aproximadamente 400 reais para a realização num laboratório privado.
A política de testes para a Covid de modo continuo e amplo só foi realizada em alguns setores da sociedade como o futebol e é por isto que vemos pessoas testarem positivo mais de uma vez em um período de cinco meses. Além de Luxemburgo, o meia Gustavo Scarpa do Palmeiras, o zagueiro Thiago Heleno do Athletico Paranaense e o zagueiro Talles Magno do Vasco da Gama são outros exemplos desta situação. Segundo a CBF em todos os 689 casos os jogadores tiveram sintomas leves e não precisaram de internação, mas o técnico do Santos, Cuca, de 57 anos, ficou nove dias no hospital Sírio-Libanês e no futebol temos outros profissionais, roupeiros, cozinheiras, por exemplo, que não tem a possibilidade de conseguir uma internação de modo tão rápido.
Em reportagem para o Estado do São Paulo, o médico infectologista Estevão Urbano, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) disse que só poderia se afirmar em reinfecção se houvesse sido realizado um exame detalhado em cada um desses casos que incluiria guardar o vírus em cada contaminação para comparação. O que não foi feito em nenhuma das ocasiões. Ainda assim ele admite que no mundo já fosse observado e comprovado a reinfecção ainda que os casos registrados e documentados sejam poucos. Isto mostra que mesmo a vacinação será preciso ser repetida todo ano e como a doença afeta em especial os pulmões um jogador pode em determinado momento ter a carreira abreviada.
Esta situação comprova que nem Bolsonaro e nem governadores “científicos” como Dória ou Caiado estão preocupados com a população em geral e com os trabalhadores como os do futebol. O compromisso deles é somente em atender os interesses dos capitalistas.