A professora e antropóloga Debora Diniz (UnB) trabalha há 15 anos na defesa do direito ao aborto e contra a criminalização, que tem vitimizado mulheres pobres e às colocado como assunto não de saúde pública, mas de polícia. Com o crescimento da extrema-direita, Debora passou a receber ameaças de morte e foi aconselhada a deixar o País. O assédio fez com que ela efetivamente se mudasse para o Exterior. Passou a cancelar convites para eventos no Brasil. Colegas de docência e até mesmo alunos seus também foram ameaçados.
A própria vítima passou a estudar o perfil dos assediadores: homens de 30 a 40 anos, de extrema-direita, frustrados na vida amorosa, ressentidos com as conquistas de mulheres, LGBTs e demais minorias. A atropóloga observou, ainda, que esses haters não deixam vestigios de pertencerem a alguma célula que articule o movimento.
As constatações parecem corretas. A maior parte dos assediadores virtuais são mesmo pessoas solitárias, sem perspectivas nem instrução, facilmente manipuláveis. Covardes que são, encontram no anonimato virtual uma chance para combaterem seus demônios, ou melhor, os demônios criados pela imprensa golpista. Entretanto, conforme têm sucesso na intimidação da esquerda, são impulsionados pela burguesia e começam a ganhar terreno.
O caso de Debora Diniz é mais uma evidência da necessidade da organização de comitês de autodefesa, prontos para se mobilizar e defender os militantes populares, nos locais de estudo, trabalho e moradia da população.