Em um curto período de tempo, várias crises já assolaram o governo Bolsonaro antes mesmo de seu início e levantam a dúvida da possibilidade de continuidade do governo diante de tantos problemas, crises, rachas, denunciados pela própria imprensa capitalista.
Ainda em 2018, por exemplo, Paulo Guedes havia batido de frente com o grande capital, dizendo que iria “meter a faca” no sistema S , que é ligado à FIESP e integrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Serviço Social do Comércio (Sesc); Serviço Social da Indústria (Sesi); Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac); Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop); e Serviço Social do Transporte (Sest)/Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat).
Em outra oportunidade, o direitista Olavo de Carvalho, defensor do golpe e da prisão de Lula, atacou o vice-presidente Hamilton Mourão, dizendo no Facebook que este “não se elegeria vereador no menor município do Brasil”, em uma crítica que revelava mais uma contradição dentro do governo e entre os golpistas.
Somados a estas crises vieram as acusações abundantes de corrupção da família Bolsonaro, de seu partido, o PSL, e de integrantes do governo, abrindo novas feridas em um governo já cambaleante em seus primeiros momentos.
Um dos filhos de Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, nesta semana tomou a liberdade de, pelo Twitter, chamar de mentiroso o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno. De acordo com Carlos, o secretário mentiu ao dizer que teria falado com Jair Bolsonaro sobre as crises que o governo enfrentava por conta dos escândalos envolvendo o partido do presidente, o PSL, sob acusação de uso indevido de verbas eleitorais, com supostos candidatos laranjas.
Toda essa crise é resultado do caráter improvisado do governo Bolsonaro, uma vez que as candidaturas preferenciais da burguesia golpista não conseguiram conquistar o mínimo de apoio popular e esta teve de se unificar por detrás da candidatura de do presidente ilegítimo, que só foi eleito por meio da fraude que tirou o ex-presidente Lula, de forma inconstitucional da disputa. A crise se acentua diante do avanço da crise econômica no Brasil e em todo o mundo que aprofundam as disputas e contradições no interior da própria burguesia. Nisso tudo, a ala menos confiável para o imperialismo é a ala mais diretamente ligada ao presidente Bolsonaro, um setor mais fraco, sem maior experiência no comando do aparato do Estado.
Porém, é preciso lembrar que o governo não irá cair por si só, e que sua derrubada por setores da burguesia golpista não dará lugar a avanços para a maioria do povo. É preciso aproveitar a crise para mobilizar os trabalhadores e derrubar o governo através da mobilização popular, pelo Fora Bolsonaro e pela liberdade de Lula.