Após o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, negro, por seguranças do supermercado Carrefour em Porto Alegre (RS), a empresa vem tomado uma série de medidas para tentar encobrir, ou melhor dizendo minimizar o crime diante da repercussão e das proporções que tomaram o acontecido, que tem gerado dezenas de mobilizações e protestos por todo país. A revolta da população brasileira, perante a filmagem que circulou pela internet e toda a imprensa, de dois seguranças brancos socando um negro até morte dentro de um supermercado, é legítima e deve ser ampliada.
Vendo o que aconteceu nos Estados Unidos, após a morte por um policia branco, do negro Jorge Floyd, e temendo a explosão social que as manifestações contra o sistema opressor, as empresas e os governos capitalistas norte americano tomaram alguns dias atrás, os empresários do Carrefour correram para tomar medidas, na tentativa de apagar o fogo que literalmente começou quente aqui no Brasil, uma delas foi a criação de um Comitê Externo. O tal Comitê Externo, tem como objetivo assessorar o Carrefour Brasil em diretrizes no combate ao racismo, através de palestras, treinamentos, estudos e debates em relação ao tema.
A empresa decidiu que os lucros recebidos no dia 20 de novembro, dia da consciência negra – um dia após o assassinato de João Alberto – por orientação do Comitê Externo, junto os rendimentos do dia 26 e 27 seriam revertidos para ações orientadas por esse grupo, o que demostra que para os empresários do Carrefour a vida negra tem um valor, que no caso irrisório. Agora que ações são essas que serão fomentadas pelo Comitê, é que é o x da questão. É visível antes de mais nada, que não se deve ter acordo algum entre o movimento negro popular e organizado com a empresa.
A demagogia que vem sendo e levantada em relação ao negros por centenas de grandes empresas nacionais e internacionais é no sentido de empregar mais negros, como é o caso do Carrefour, que seguindo conselho do Comitê prometeu contratar 20 mil pessoas a mais por ano, sendo 50% delas, negras. Em alguns casos como o Magazine Luiza é no sentido de colocar mais negros como gerente das empresas, “treinar” para que possam acender em cargo superiores dentro da empresa.
Toda essa conversa mole, vem orientada e travestida de racismo estrutural e cultural, os intelectuais burgueses afirmam categoricamente que o racismo está enraizado na sociedade brasileira, por centenas de motivos superficiais e confusos e que para modificar isso, seria preciso muito dialogo com a sociedade e a ascensão do negro, em cargos empregatícios, nas universidades, no poder de compra, enfim, acender financeiramente e socialmente dentro da sociedade capitalista.
Primeiro, é preciso deixar claro que a causa da situação econômica e social dos negros no brasil e no mundo é medida estratégica, orquestrada e organizada pelo capitalismo, sem a condição de inferioridade dos negros, mulheres e os trabalhadores explorados o capitalismo não se sustenta. Ou seja, a forma parasitária não só da burguesia mas como de todo regime capitalista que a cerca, e exploração, a marginalização e a opressão é mudos operandi do sistema atual. Para se manter operando a condição subalterna dos negros e oprimidos é essencial. O capitalismo é racista, e precisa ser para sua própria sobrevivência.
O Comitê Externo que a empresa Carrefour está implantando para ocultar a mortes de negros, não será uma medida concreta, nem mesmo significativa em nenhum sentido, para que os negros deixem de ser a classe assassinada nas periferias, nos presídios, nas ruas e como vemos até mesmo dentro de supermercados, bancos e etc. A falta de moradia, de escola, de transporte, de condições minimamente dignas de vida é cotidiano dos negros e pobres em todo o país. O Comitê Externo, é areia nos olhos do povo e não vai modificar em nada a dura realidade enfrentada pela classe mais esmagada pelo capitalismo.